Pernambuco

OCUPAÇÃO 8 DE MARÇO

MTST faz greve de fome e bloqueia vias contra despejo de 300 famílias no Recife

O terreno é de uma empresa que acumula dívidas de IPTU; demanda do MTST é que o imóvel seja desapropriado

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Um grupo de militantes se acorrentou na sede da Prefeitura do Recife em protesto contra o despejo - MTST

No mês de setembro, 300 famílias iniciaram a Ocupação 8 de Março, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Ligadas ao Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem-Teto (MTST), as famílias foram notificadas nesta semana de que se não deixassem o imóvel até esta quinta (21), seriam despejadas. Desde o início da ocupação, o movimento participou de três mesas de negociação e chegou a enviar um ofício para a Prefeitura do Recife na tentativa de abrir diálogo com o executivo municipal. 

Em protesto contra o despejo, integrantes do MTST iniciaram na manhã de hoje uma greve de fome, se acorrentaram na sede da Prefeitura do Recife e realizaram bloqueio da Avenida Conde da Boa Vista, para pedir a suspensão da autorização de despejo. Na última quarta, data final para desocupação do imóvel determinada pela Justiça, militantes do movimento realizaram ato no entorno da ocupação a fim de abrir diálogo com o Poder Municipal e garantir a permanência dos ocupantes.

De acordo com o movimento, o terreno ocupado é de propriedade de uma empresa que acumula cerca de meio milhão em dívidas de IPTU e outros impostos ao município e à União e está com o patrimônio ameaçado de penhora pela Justiça. A demanda do MTST é que o imóvel seja desapropriado para fins sociais. O nome Ocupação 8 de Março busca reforçar a luta das mulheres, principalmente as mulheres negras, grupo social mais atingido e vulnerável durante a pandemia de covid-19 no Brasil. 

"Até o momento, a Prefeitura do Recife não apresentou saídas habitacionais para as famílias da Ocupação 8 de Março. Não deixaremos a sede do município até que tenhamos uma reunião com as Secretarias de Habitação e de Governo. São famílias de trabalhadoras e trabalhadores que estão em situação de grande vulnerabilidade e denunciam a ausência de políticas para garantir moradia para a população", explica a Coordenadora Nacional do MTST, Vitória Genuíno. 

Durante o último mês, os ocupantes limparam, capinaram e nivelaram o terreno, realizaram atividades lúdicas para as crianças com a Brigada de Educação do MTST, e ações de Saúde e Higiene, a partir da Brigada de Saúde do movimento. Diariamente, a cozinha comunitária instalada no local fornece refeições para garantir a alimentação de quem está vivendo no espaço. 

Em atualização

Edição: Vanessa Gonzaga