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Desumanidade

Artigo | Uma vela para 1.000 mortos: manifestações possíveis por justiça das vítimas da covid

"Não podemos esquecer que à tragédia da Covid soma-se outra: 19 milhões de pessoas passam fome no Brasil"

22.out.2021 às 17h52
Natal (RN)
Larissa Viana e Mônica Mourão

Ato realizado em abril na Catedral da Sé, em São Paulo (SP) em memória as 400 mil vítimas de covid que o Brasil atingia naquele mês - Foto: Edgar Bueno

A CPI da Covid-19 se encerrou nessa semana sob o impacto dos últimos depoimentos, dados por sobreviventes e familiares de vítimas fatais da corrupção e do desprezo pela ciência e pela vida por parte do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). A composição política tirou o termo genocídio do relatório final e é gritante o descaso com a população indígena.

Ainda assim, Bolsonaro é acusado de nove crimes e seu governo foi considerado responsável pela triste marca de mais de 600 mil mortos durante a pandemia, atingida no último dia 8. Segundo o epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas Pedro Hallal, quatro em cada cinco mortes pela doença no país eram evitáveis caso o governo federal tivesse adotado as medidas adequadas.

Em março desse ano, quando as mortes diárias por Covid-19 no país ultrapassaram 3 mil, três amigas e um amigo espalhados por diferentes cidades do Brasil realizaram mais uma chamada de vídeo para compartilhar suas angústias e pensar ações possíveis naquele momento. O país estava prestes a bater a triste marca de 300 mil vidas perdidas e, desse pensamento coletivo, veio a ideia de acender 300 velas, nas cidades onde estavam. Cada vela representaria mil vidas perdidas.

Era a possibilidade naquele momento em que muitas cidades viviam em lockdown: um ato simbólico, sem aglomeração, onde a dor, o luto e o clamor por justiça saíssem da esfera do privado para a esfera pública.

Não tivemos nenhuma ação por parte do governo federal que simbolizasse respeito pela dor de quem sofreu com o vírus, a dor de quem se foi, muitas vezes de forma desumana e sufocada, ridicularizada pelo presidente numa de suas lives

Não houve nenhuma ação de solidariedade aos familiares que ficaram e, muitas vezes, tiveram que encarar suas perdas sem direito a um rito de passagem que marcasse a despedida, que possibilitasse elaborar a perda e, consequentemente, o luto.

Somaram-se à ideia de acender velas em lugares públicos militantes da Marcha Mundial das Mulheres e do MST e, assim, com poucas pessoas e recursos, foram acesas 300 velas na escadaria do Theatro Municipal de São Paulo, no dia 2 de abril. Não realizamos atos em Fortaleza ou Natal, cidades onde estava parte do nosso grupo, porque a Covid-19 também nos atingiu.

No dia 31 de março, eu, Mônica, perdi meu tio mais querido. Ele tinha 69 anos, não tinha comorbidades e sua vez para ser vacinado chegou no dia 28 de março, quando já estava na UTI. Num lamentável recorde, ao fim de abril já haviam aumentado para 400 mil as mortes por Covid e, no dia 30 daquele mês, o mesmo grupo de militantes de São Paulo acendeu 400 velas na escadaria da Catedral da Sé.

Mais uma vez, nossos amigos foram vitimados: a mãe de um dos companheiros de Fortaleza foi internada após ter um AVC decorrente da Covid-19. Na cidade onde nasceu a ideia, nossas velas tiveram que permanecer no espaço doméstico.

Enquanto o descaso e a negligência com a seriedade da pandemia por parte do governo federal transformaram vidas em números, nossa dor tinha rosto e nome. Os números estarrecedores de vidas perdidas significam centenas de milhares de planos interrompidos. São crianças órfãs que, além da dor, têm na perda de mães e pais impacto direto na sobrevivência material.

Não podemos esquecer que à tragédia da Covid soma-se outra: 19 milhões de pessoas passam fome no Brasil. Além disso, uma vida perdida não é só uma vida perdida: “quando morre um idoso, é como se incendiasse uma biblioteca”, diz o provérbio.

No caso dos indígenas brasileiros, a morte dos mais velhos pode fazer com que algumas línguas desapareçam. Isso para não mencionar o efeito coletivo da perda de quilombolas, pesquisadores, artistas, professores e militantes em defesa de um mundo que em nada se assemelha ao de Bolsonaro.

Os atos das velas incorporaram, a partir de articulação da Marcha Mundial das Mulheres, a mobilização Respira Brasil. Finalmente aquela ideia ganhou mais força e as 500 mil mortes, completadas em 19 de junho desse ano, foram lembradas com velas em 18 cidades do país. O protesto não ganhou a grande mídia sudestina, embora tenha conseguido destaque em alguns veículos locais.

Mesmo entre grupos de esquerda, a repercussão não chegou a causar grande impacto. Mas lembramos o que contou a uma de nós o jornalista comunista Sérgio Gomes: “durante a ditadura, todos os dias alguém fez alguma coisa, seja uma pequena ação de solidariedade, quase invisível, para derrubar o regime”.

Quando as ruas eram exclusividade dos bolsonaristas e negacionistas, quando chegamos a perder 4 mil pessoas por dia vítimas do genocídio do presidente e dos mercadores da morte, quando familiares não eram ainda ouvidos no espaço público, centenas de velas foram acesas. Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça.

 

Pelas vidas de Tadeu, Helena, Gilmar e todas as vítimas deste genocídio.

 

* Larissa Viana, professora, pesquisadora, arquiteta e urbanista, e Mônica Mourão, jornalista, professora da UFRN e familiar de vítima

Editado por: Vinícius Segalla
Tags: direitos humanos
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