O observatório do agronegócio no Brasil, De Olho nos Ruralistas, está com a conta no Instagram derrubada desde a última quinta-feira (4). O motivo dado pela empresa para tirar do ar o perfil de divulgação jornalística com quase 25 mil seguidores é genérico. De acordo com o aviso do Instagram, o conteúdo postado foi considerado “inoportuno ou abusivo”.
Em nota, o De Olho nos Ruralistas aponta que, assim, “apenas se levanta a hipótese de que leitores refratários ao nosso conteúdo tenham o poder de tirar do ar a página de um veículo de imprensa”.
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Para Bruno Bassi, coordenador de projetos do observatório, se trata de uma “censura abjeta”, tendo em vista que o grupo Facebook – dono do Instagram - “permite (e até mesmo incentiva) a propagação de fake news, discurso de ódio e perseguição a minorias”. Já são cinco dias fora do ar e, apesar dos seguidos contatos, não houve ainda um retorno da plataforma.
Fundado em 2016, o De Olho nos Ruralistas produz reportagens, vídeos, investigações e checagens com foco em temas relacionados ao agronegócio, aos direitos humanos e ao meio ambiente.
Dois dias antes de ter o perfil derrubado, o veículo havia começado a divulgar uma campanha internacional que está integrando. Sob o título “Brasil em Colapso”, o projeto trata de destruições em curso no país potencializadas pelo governo Bolsonaro, tais como as centenas de milhares de mortes da pandemia e os desmatamentos.
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“Damos o nome aos bois e apontamos o poder econômico por trás da destruição socioambiental no Brasil, sem cumplicidade com empresas e seus donos. Talvez por isso incomodemos tanto”, afirma Bruno Bassi.
Jornalistas Livres também teve página derrubada
No mês passado, o coletivo Jornalistas Livres enfrentou problema semelhante. Depois de noticiar postagens relacionando o governo Bolsonaro com racismo e feminicídio, tiveram a conta – com mais de 600 mil seguidores – tirada do ar.
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Depois de 24h, no entanto, conseguiram recuperar a página no Instagram e a própria empresa pediu desculpas. “Já vínhamos sofrendo uma série de ataques de trolls bolsonaristas”, narrou em nota o coletivo Jornalistas Livres: “Cada vez que denunciávamos o horror que a retórica do miliciano e seus cúmplices contêm, combinada ao passado mais tenebroso do colonialismo e da escravidão”.
Edição: Leandro Melito