Paraná

Violência policial

Moradores da Portelinha fazem novo ato por justiça a jovem morto em operação policial

Segundo ato de protesto contra a morte de Eduardo Felipe aconteceu nesta terça (9)

Curitiba (PR) |
Este é o segundo protesto em repúdio ao assassinato de Eduardo Felipe - Foto: Giorgia Prates

Moradores da comunidade Portelinha, no bairro Portão, em Curitiba, fizeram novo ato pedindo justiça para Eduardo Felipe Santos de Oliveira. Com 16 anos, Eduardo foi morte no sábado (6), em operação policial das Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam). Este é o segundo ato feito por moradores em repúdio ao assassinato.


Eduardo Felipe foi morto no sábado (6) / Foto: Giorgia Prates

No ato, moradores vestiam camisetas com a foto do jovem, conhecido na comunidade como "Zé". Nos cartazes do protesto, a comunidade rebatia a versão da Polícia Militar sobre a morte, com frases como "Não foi confronto. Foi execução" e "A polícia mente, sempre joga os flagrantes nas mãos do inocente."


Moradores reafirmaram a inocência do jovem / Foto: Giorgia Prates

Segundo relatos, o adolescente foi executado com mais de 15 tiros, dentro da casa de uma amiga. Eduardo estaria sentado na porta da casa, quando policiais da Rotam se aproximaram. Neste momento, o adolescente teria se assustado e entrado na casa.

A moradora da casa relatou ao Brasil de Fato Paraná que os policiais chegaram atirando nas costas de Eduardo. A família guardou o casaco que o jovem usava no momento, que demonstra a quantidade de tiros. Eduardo era trabalhador da reciclagem e, conforme relatam moradores, muito querido na comunidade. 


Jovem trabalhava com reciclagem na comunidade / Foto: Giorgia Prates

Para a polícia, houve confronto

Em nota enviada ao Brasil de Fato Paraná, a Polícia Militar afirmou que foi acionada após denúncias de disparos de arma de fogo na região. No segundo patrulhamento que a Rotam fazia no local, os policiais "avistaram um homem com um objeto nas mãos" e tentaram fazer a abordagem, mas o homem fugiu.

Ainda segundo a PM, constatou-se "que ele estava com uma arma de fogo e tentaram novamente fazer a abordagem, momento que o rapaz teria apontado a arma para a equipe e efetuado os disparos. Para revidar a injusta agressão, os policiais também efetuaram disparos, porém o homem fugiu. Ao tentar novamente uma abordagem, o rapaz voltou a apontar a arma aos policiais, que revidaram e o homem acabou atingido."

A PM ainda informou que a Criminalística recolheu um revólver calibre .38 e 123 pinos de cocaína. 

Em nenhum momento, a nota da PM informa a identidade do homem perseguido na ação.

Violência injustificável

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) encaminhou um pedido de investigação sobre a morte à Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR), nesta segunda (8).

Assinado pelos deputados Tadeu Veneri (PT) e Goura (PDT), o documento pede que se investigue o "possível uso irregular de força policial" na ação que vitimou Eduardo e afirma que a ação abre margem para suspeitas de abuso de autoridade e outros atos mais graves.

O pedido ressalta, ainda, que é inadmissível a prática de violência em nome da ordem. "O relevante dever das forças de segurança pública envolve o uso proporcional e limitado de força, apenas quando e na medida do necessário, e restrita à contenção, nunca se admitindo que em nome da ordem se pratique violência", diz trecho do documento.

Edição: Lia Bianchini