Mundo do trabalho

Programa Bem Viver aborda violações em frigoríficos, retomada indígena e culinária afro

Em frigoríficos da JBS e BR Foods, condições de trabalho vão na contramão das normas de segurança do setor

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Setor de frigoríficos registra entre 50 e 60 acidentes por dia; os casos mais comuns envolvem cortes ou mutilações com faca - Bruno Cecim / Fotos Públicas
Contaminações por covid, acidentes de trabalho e jornadas exaustivas marcam o cotidiano das empresas

Dentro dos frigoríficos das gigantes JBS e BR Foods as condições de trabalho passam longe dos modelos de segurança, cuidado e atenção aos trabalhadores necessárias no setor, tanto no que diz respeito a prevenção à covid-19 quanto a acidentes de trabalhos. As denúncias foram feitas por trabalhadores e familiares ao Brasil de Fato, relatando negligências com saúde por parte das empresas. O material especial é destaque na edição de hoje (17) do Programa Bem Viver.

O quadro foi intensificado com a pandemia. Mesmo com sintomas de covid-19, funcionários eram forçados a trabalhar, sem dispensa médica, e só paravam quando as condições de saúde já estavam críticas. Além disso, trabalhadores denunciam as empresas de ignorarem protocolos de segurança e só adotá-los quando havia fiscalização.

Para além da covid, acidentes de trabalho e jornadas exaustivas também marcam o cotidiano das empresas. Um dos casos relatados ao Brasil de Fato era de um trabalhador que deveria separar pintinhos machos das fêmeas, com a meta de identificar o sexo de 43 animais por minuto. Após 15 anos na função, as dores causadas pelo movimento repetitivo e acelerado ficaram insuportáveis e ele teve que se submeter a cinco cirurgias. Ainda assim segue com dores e impossibilidade de realizar diversos movimentos.

Surto de covid

No Mato Grosso do Sul, uma comunidade da Reserva Indígena de Dourados enfrenta um novo surto de covid-19. Em três semanas, pelo menos 90 casos foram registrados, duas pessoas morreram e algumas seguem internadas. No local vivem 18 mil pessoas dos povos Kaiowá, Terena e Guarani Nhandeva.

O portal de notícias Amazônia Real ouviu membros da comunidade e, segundo lideranças, o primeiro caso foi diagnosticado em um adolescente que ainda não estava imunizado. Segundo a reportagem, a maioria dos casos são em pessoas que não receberam as doses da vacina.

A comunidade cobra que a Secretaria de Educação de Dourados suspenda as aulas nas sete escolas municipais que ficam na Reserva Indígena de Dourados, retomadas na quinta-feira passada (11). A população segue com medo de comparecer as atividades letivas, justamente porque o atraso na imunização da região está concentrado nos adolescentes.

Dados oficiais da Secretaria de Saúde do estado apontam que no início do mês, 53% dos adolescentes indígenas da região haviam tomado apenas com a primeira dose do imunizante. Segundo o órgão, no mesmo dia que foi anunciado a volta às aulas começou também uma força tarefa para imunizar os adolescentes indígenas da comunidade.

Retomadas indígenas

Você conhece a expressão retomada indígena? Ela diz respeito à ação de ocupar um território que pertencia a um grupo mas estava sendo usado por terceiros, normalmente fazendeiros latifundiários ou grandes empresas.

Essas ações têm sido cada vez mais comuns, especialmente neste ano. Segundo organizações voltadas à luta indígena, o movimento é um reflexo de duas situações: a ocupação indevida de territórios de comunidades originárias e o o desrespeito a ordens judiciais.

Um exemplo foi o que ocorreu no começo desta semana: mesmo com decisão do Supremo Tribunal Federal para que o governo expulse garimpeiros do território Yanomami, no norte do país, os invasores seguem atuando livremente. Por conta disso, são os próprios indígenas que realizam ações de patrulha da comunidade.

Culinária afro-brasileira

Com a proximidade do 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, o Programa Bem Viver apresenta uma reportagem especial sobre a origem da culinária afrobrasileira, destacando que ingredientes e modos de preparo comuns no Brasil tem como origem o conhecimento das pessoas escravizadas vindas de África.

Foram elas que trouxeram novos alimento ao país, adaptaram ingredientes e aprimoraram receitas, fazendo substituições e criando pratos que hoje são a cara do Brasil.


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Edição: Sarah Fernandes