Investigação

MPF pede posicionamento de Bolsonaro e Caiado sobre "espionagem de movimentos sociais" em Goiás

Procuradores reagem a notícia veiculada pelo Brasil 247, que denunciou a criminalização de organizações como o MST

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM): aliados em 2018, estão rompidos desde 2020 - Alan Santos/PR/Agência Brasil

Cinco procuradores do Ministério Público Federal (MPF) em Goiás reagiram, na última sexta-feira (19), à denúncia veiculada pelo portal Brasil 247 de que o governo Ronaldo Caiado (DEM-GO) teria montado uma "central de espionagem de movimentos sociais", especialmente o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

Julio José Araujo Junior, Márcia Brandão Zollinger, Matheus de Andrade Bueno, Raphael Luis Pereira Bevilaqua e Sadi Flores Machado ressaltaram a gravidade da denúncia e encaminharam pedido para que Caiado e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se manifestem sobre o caso.

A reportagem do Brasil 247 cita o Despacho 595/2021-4º CRPM 06300, subscrito por Ênio José Carlos Hans, Comandante do 4º CRPM, na semana passada.

O documento pedia o mapeamento dos assentamentos e acampamentos inseridos na área da respectiva unidade, a identificação das lideranças locais desses movimentos e quantos vivem em cada área, além de levantar o histórico de invasões, conflitos, ou qualquer assunto de interesse da segurança pública na região.

Ao reagir a esse despacho, o MPF enfatizou "a necessidade urgente de esclarecimentos e da prevenção de medidas que possam acarretar a criminalização dos movimentos sociais que atuam na luta pela terra."

Caiado e Bolsonaro foram aliados nas eleições de 2018, mas romperam relações há mais de um ano, no contexto da pandemia.

Apoiado por ruralistas, o governador de Goiás integrou a União Democrática Ruralista (UDR), fundada para coibir a atuação de organizações como o MST no final da ditadura militar (1964-1985).

O MST é o maior movimento social da América Latina e, durante a pandemia, se notabilizou pelas doações de mais de 5 mil toneladas de alimentos saudáveis e 1 milhão de marmitas nas periferias urbanas e rurais do país.

Edição: Leandro Melito