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Em Curitiba, Jardinete da Magó é inaugurado como símbolo da luta contra o feminicídio

Logradouro leva o nome de Maria Glória Poltronieri Borges, vítima de feminicídio em 2020

Curitiba (PR) |
"A gente ainda perde mulheres pelo ódio que os homens sentem por nós”, disse Ana Poltronieri, irmã de Magó - Foto: Paulo Pereira/Assessoria do mandato

O bairro Fazendinha, em Curitiba, abriga um símbolo da luta contra o feminicídio. No sábado (06), foi inaugurado no bairro o "Jardinete da Magó", uma homenagem à Maria Glória Poltronieri Borges, vítima de feminicídio em 2020.

Bailarina, produtora de dança e de teatro, Magó, como era conhecida, foi estrangulada e estuprada em uma cachoeira, no dia 25 de janeiro do ano passado, em Mandaguari, na região metropolitana de Maringá, norte do Paraná.

Sua morte mobilizou manifestações em todo o estado, no Brasil e no mundo, e sua história virou símbolo da luta contra o feminicídio, motivando o protocolo do projeto de lei que deu nome ao logradouro público, inaugurado pela Procuradoria da Mulher (ProMulher) da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) e pela Prefeitura de Curitiba.

A lei municipal que deu o nome de Magó ao jardinete no Fazendinha é de iniciativa da atual procuradora da Mulher na CMC, Maria Leticia. Quando da sua aprovação, em regime de urgência, o pai de Maria Glória, Maurício Borges, contou que no dia de sua morte era Dia de São Sebastião, sincretizado, nas religiões de matriz africana, ao orixá Oxóssi, “o protetor das matas”. “Ela tinha ido lá na cachoeira se conectar com a natureza, se conectar com a vida, rezar. Infelizmente, no final daquela linda tarde, se deparou com seu maior demônio”, relatou o pai, na época.

O Jardinete da Magó

Localizado na avenida Frederico Lambertucci com a Rua Maria Quitéria, no bairro Fazendinha, o espaço foi revitalizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA).

No local, foram implantados bancos e calçamento, e plantadas árvores frutíferas. No dia da inauguração, a família de Magó e a procuradora da Mulher plantaram três mudas de Ipê. Quem esteve presente também pode deixar sua mensagem, afixando pequenas plaquinhas nas árvores do logradouro. Também foram distribuídas cópias de uma carta de princípios sobre combate ao feminicídio.

“A gente vive num país em que o feminícidio e a cultura do estupro infelizmente ainda são muito recorrentes. A gente ainda perde mulheres pelo ódio que os homens sentem por nós”, disse Ana Poltronieri, irmã de Maria Glória. "Eu tenho saudade do futuro que eu teria com a Maria Glória, da vida que seria minha vida ao lado dela”, complementou a irmã, emocionada.

Para Maria Leticia, homenagear a bailarina significa manter sua memória viva. “Como médica-legista do IML [Instituto Médico Legal], atendi muitas mulheres vítimas de violência ao longo da minha carreira e sempre testemunhei as marcas da agressão. Não podemos mais perder jovens como a Magó. Mais do que um jardinete, o que queremos é abrir espaços para que a cultura do estupro não prevaleça no país”, disse a procuradora da Mulher da Câmara de Curitiba.

*Com informações da Câmara Municipal de Curitiba.

Edição: Lia Bianchini