ADEUS AO SAMBISTA

Artistas e amigos se despedem de Monarco, o baluarte da Portela

Cantor e compositor carioca morreu neste sábado (11), por complicações posteriores a uma cirurgia no intestino

Brasil de Fato|Recife(PE) |

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Sambista Monarco da Portela após ter sido vacinado contra covid-19, em pleno sábado de Carnaval , em evento simbólico no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro
Sambista Monarco da Portela após ter sido vacinado contra covid-19, em pleno sábado de Carnaval , em evento simbólico no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro - Beth Santos

Artistas, parceiros de trabalho e admiradores da obra de Monarco se pronunciaram nas redes sociais prestando as últimas homenagens a ele que foi consagrado como baluarte da Portela. O cantor e compositor Hildemar Diniz, o Monarco, morreu neste sábado (11), aos 88 anos, vítima de complicações de uma cirurgia no intestino. Símbolo da Escola de Samba Portela, Monarco foi velado na quadra da escola, em Oswaldo Cruz, cercado por uma roda de samba. Um bandeira da agremiação foi colocada sobre o caixão. O velório começou às 11h, e o sepultamento ocorreu às 15h30 sob o hino da agremiação.

Histórico compositor da Portela, Monarco é autor de clássicos como "Passado de glória" e "Coração em desalinho". Além deixar um grande acervo de canções gravadas, ele também foi parceiro e inspiração para muitos artistas.

Marisa Monte, que gravou um disco em 1999 em homenagem à Portela, escreveu que Monarco "sempre foi um mestre nato" e "uma testemunha viva da história". 

"A ele a gente recorria quando queria saber sobre os assuntos dos bambas. Um homem generoso e gentil. Um grande brasileiro. Nesse dia eu pude dizer o quanto o amo e digo agora que o amarei para sempre. Obrigada mestre, você viverá eternamente", disse a artista.

Paulinho da Viola, outro sambista ícone da Escola, contou que Monarco ajudou, com sua voz e consciência, "a escrever a história do samba e da Portela por mais de 60 anos". E concluiu, em luto: "Um grande artista e uma grande figura, com o coração do tamanho de um talento de valor imensurável. Perdemos hoje um grande baluarte". 

Em suas redes sociais, Martinho da Vila escreveu: "Eu estou profundamente triste. Perdi um grande amigo, Monarco. Esteja na paz de Deus". Também abalada, a cantora e compositora Tereza Cristina agradeceu ao mestre. "Monarco me ensinou, me acolheu, me incentivou. Tô arrasada. baluarte", escreveu no Twitter. 

 

As agremiações do Carnaval do Rio de Janeiro também prestaram a última homenagem ao ídolo e importante compositor da Portela, Monarco. A Escola Estação Primeira de Mangueira publicou uma nota, no Twitter, lamentando o falecimento do baluarte da Portela e dizendo que ele vai "deixar uma lacuna irreparável". 

"A Estação Primeira de Mangueira lamenta profundamente a partida de mais um baluarte do samba. Monarco deixará saudades e uma lacuna irreparável. Nossos profundos sentimentos aos seus familiares, amigos e a co-irmã
@PortelaNoAr" 

A Beija-Flor de Nilopólis cancelou o ensaio que realizaria neste domingo (12) e declarou, em nota, que lamentava "com profundo pesar a morte de Monarco, presidente de honra da Portela" 


 

Lideranças políticas do Rio de Janeiro também se despediram de Monarco. O deputado federal Marcelo Freixo(PSB) classificou Monarco como "um dos mais importantes e simbólicos nomes da cultura popular." 
 

O vereador pelo PSOL, Tarcísio Mota, disse que agora "o nosso coração ficou em desalinho", em alusão a uma das letras mais famosas de Monarco. "Não lembro se a primeira vez que vi / ouvi Monarco foi no Candongueiro ou na Casa da Mãe Joana em São Cristóvão. Só sei que sua voz e sua alegria me emocionavam em cada encontro. A tristeza hoje é enorme. Vai em paz, Monarco. Em desalinho fica o nosso coração".

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes(PSD), relembrou canções de Monarco que marcaram sua vida e lamentou o falecimento do artista. "Obrigado por ter me proporcionado tantos momentos especiais.  Vamos para sempre honrar sua poesia e amor pelo samba e pela Portela. Você vai fazer muita falta. RIP" 

Edição: Mauro Ramos