Ameaça

Prefeito de Jaú leva terror a assentamento do MST: “Há um clima de conflito”

Área ocupada pelo movimento desde 2013, em Gália, interior de SP, produz 100 cestas de alimentos por semana

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Assentados se reúnem no Luiz Beltrane, em Gália, interior de São Paulo - Foto: MST

O prefeito de Jaú, Jorge Ivan Cassaro (PSD), ameaçou os moradores do assentamento Luiz Beltrane, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em Gália, interior de São Paulo, nesta terça-feira (14).

De acordo com os assentados, Cassaro teria ido até o assentamento com outros homens, distribuídos em três veículos. “Estacionaram na frente da porteira e com tom ameaçador disseram que a propriedade é deles e que o MST vai ter que sair, que vão colocar o MST para fora daqui”, alerta Márcio José, da coordenação do Luiz Beltrane.

Com a passagem de Cassaro e seu grupo pelo local, os assentados estão em alerta. “O clima está muito tenso aqui, as famílias estão com medo de ficar aqui e estamos com receio de passar a noite. Há um clima de conflito, receamos que sejamos atacados a qualquer momento”, encerra José.

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A área está ocupada pelo MST desde 2013 e é motivo de uma pendência judicial entre o movimento e Cassaro. Uma liminar garante aos sem-terra que permaneçam na área até que o mérito seja julgado pela Justiça.

O MST acusa o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de São Paulo de tentar cooptar os assentados, propondo acordos à revelia da Justiça, em favor do prefeito de Jaú. “Eles estão fazendo promessas que não poderão cumprir, tentando tirar as pessoas daqui e iludindo as famílias”, denuncia José.

O Luiz Beltrane é dividido em duas matrículas. Na primeira, moram 59 famílias. Na segunda, outras 18. Na área menor, o Incra conseguiu um acordo com 9 assentados, que abandonaram a área.

Na área, o Assentamento Luiz Beltrame, do MST, existe há cerca de seis anos enquanto território reconhecido judicialmente.

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No local são produzidos mandioca, batata doce, milho, feijão, maracujá, entre outros grãos, frutas e folhagens, além da produção animal e de derivados, como leite e queijo. Toda semana, saem dali 100 cestas agroecológicas para serem comercializadas em Bauru e Marília, além de outros produtos para as cidades de Ubirajara, Duartina, Garça, Alvinlândia, Lucianópolis e Gália.

Outro lado

O Brasil de Fato procurou o Incra-SP, mas até o fechamento da matéria, não houve resposta. O prefeito Jorge Ivan Cassaro não foi localizado pela reportagem. Caso se manifestem, o texto será atualizado.

Edição: Leandro Melito