Minas Gerais

BALANÇO DA LUTA

Solidariedade e mobilizações de rua marcam o ano de 2021

Movimentos populares e sindicais buscaram alternativas contra a fome e lutaram contra a política de Zema e de Bolsonaro

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
As lutas contra a venda das estatais e a favor do serviço público também marcaram o ano de 2021 - Foto: Sindipetro MG

“Mostramos que é possível construir um caminho diferente”. É o que afirma Débora Sá, militante da Frente Brasil Popular de Minas Gerais, ao relembrar as ações realizadas pelos movimentos populares e sindicais durante 2021.

Marcado pela convergência entre as crises social, política, econômica e sanitária, o ano que termina foi desafiador para as forças populares. “Não foi só a pandemia da covid. Nas periferias a fome chegou matando. Nosso país voltou para o mapa da fome”, declara Débora.

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Segundo ela, as organizações sociais se dedicaram inteiramente à construção de alternativas coletivas contra a fome e contra a retirada de direitos promovida pelo governo federal.

“A parceria entre movimentos populares e sindicais permitiu que diversas famílias recebessem doações de alimentos, vale gás e itens de higiene”, relata Débora. Em Belo Horizonte, as regiões de Venda Nova, Barreiro e Pedreira Prado Lopes foram algumas das que receberam as ações de solidariedade.

Defesa dos serviços públicos

As lutas contra a venda das estatais e a favor do serviço público também marcaram o ano de 2021. Aconteceram diversas paralisações, manifestações e greves de trabalhadores.

Ao longo do ano, trabalhadores da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), denunciaram a falta de investimento na empresa. Em audiência pública, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), eletricitários denunciaram que o sucateamento é uma estratégia do governo de Romeu Zema (Novo) para privatizar a empresa.

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Já os trabalhadores da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), terminaram o ano em greve contra a privatização da empresa e reivindicando negociação justa com a gestão para renovação do Acordo Coletivo de Trabalho.

“A greve nasceu forte com uma ocupação da Cemig que furou a bolha da mídia comercial e reabriu as negociações com a empresa. A campanha de solidariedade dos movimentos populares nunca antes foi vista na história das greves da categoria. Recebemos apoio também de parlamentares estaduais, federais e de vários municípios”, avalia Jefferson Silva, secretário geral do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro). Em novembro, a sede da empresa foi ocupada por trabalhadores em Belo Horizonte.

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Petroleiros de Minas Gerais também se mobilizaram contra a venda da Refinaria Gabriel Passos (Regap) da Petrobras, localizada em Betim (MG). Os trabalhadores da Petrobrás têm denunciado a privatização da Regap, que faz parte da venda de um pacote de oito refinarias no país, como um atentado à soberania nacional.

Com a privatização, os preços dos produtos como a gasolina e o diesel, podem ficar ainda mais caros, como explica Anselmo Braga, diretor do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro) e da Federação Única dos Petroleiros (FUP). “As empresas não construíram refinarias e agora querem comprar as da Petrobrás a preço de banana”, declarou o sindicalista.

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Os trabalhadores da educação de Minas Gerais resistiram durante todo o ano à tentativa de Romeu Zema (Novo) de privatizar as escolas, por meio dos projetos Mãos Dadas e Somar. “O governo traz, de várias formas, por meio de parcerias, Organizações Sociais (OSs), convênios com bancos, projetos como o Mãos Dadas e Somar, a desresponsabilização do Estado na oferta do direito à educação em Minas Gerais”, afirma a professora Denise Romano, coordenadora Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE).

Em agosto, a categoria declarou greve sanitária frente à decisão do governo estadual de retomar as aulas presenciais sem a vacinação completa da comunidade escolar. Em novembro, o Sind-UTE aprovou um calendário de lutas em defesa da educação e dos direitos da categoria. Eles reivindicam o cumprimento da lei do piso nacional, atualmente fixado em R$ 2.886,24, a devida aplicação dos recursos do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Segundo o sindicato, nos últimos três anos, o governo deixou de investir cerca de R$ 7 bilhões que deveriam ter ido para a área.

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Além disso, Denise Romano destaca que a luta contra a aprovação da PEC 32, da Reforma Administrativa, teve centralidade no ano de 2021. “A defesa dos serviços públicos e a garantia dos nossos postos de trabalho nos levou às ruas para combater a PEC 32. Nós tivemos êxito e impedimos a aprovação”, declarou.

Ao longo de todo ano, também houve mobilizações contra a privatização da Ceasa Minas, da CBTU, dos Correios, dentre outras.

Vacina para todos

A demora em ampliar a vacinação contra a covid-19 no país, impulsionou que as forças populares também fossem às ruas por mais investimento no SUS, garantia de leitos, insumos e aceleração da imunização.

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Com a palavra de ordem “vacina no braço, comida no prato”, mais de 20 cidades mineiras organizaram atos, panfletagens e carreatas.

Fora Bolsonaro

Convocadas pela Campanha Nacional Fora Bolsonaro, ao longo do ano, aconteceram oito manifestações pelo impeachment do presidente da República.

Os atos tiveram também o objetivo de denunciar a política econômica adotada pelo governo federal que levou o Brasil de volta ao Mapa da Fome, além de encarecer o preço do gás e da cesta básica.

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Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT MG), Jairo Nogueira, é insustentável a crise econômica e social pela qual passa o país, levando a população ao desemprego e ao drástico empobrecimento. “É nosso papel fazer a luta, denunciar o governo e construir um novo cenário para as eleições do ano que vem, para que o povo não caia na ilusão que é o Bolsonaro”, aponta.

Edição: Larissa Costa