SOLIDARIEDADE

MST doa 700 toneladas de alimentos para a campanha ‘Natal Sem Fome’

Com arrecadação de apoiadores, campanha vai distribuir alimentos até 6 de janeiro para beneficiar famílias vulneráveis

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Produtores de assentamentos mobilizados na campanha: arrecadação pode chegar a mil toneladas de alimentos até o dia 6 de janeiro - Wellington Lenon

Durante a campanha Natal Sem Fome, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), serão distribuídas mais de 700 toneladas de alimentos vindos em sua maioria de assentamentos, acampamentos e cooperativas.

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Os alimentos são arrecadados com o apoio das campanhas promovidas pelo movimento, em conjunto a uma rede de solidariedade para beneficiar famílias vulneráveis, em situação de fome e insegurança alimentar nas periferias urbanas e rurais do país.

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Além dos alimentos distribuídos em cestas, serão doadas marmitas e ceias populares para cerca de 30 mil pessoas em todas as grandes regiões do país. Segundo o MST, parte das doações já foi distribuída. Os alimentos continuarão sendo entregues até 6 de janeiro, período em que se encerra a edição natalina da campanha do MST: “Cultivando Solidariedade para Alimentar o Povo”.

“O MST vê a solidariedade como um princípio indispensável para nossa organização popular de luta pela terra e reforma agrária. Então, a solidariedade para nós é tida como uma virtude e sobretudo como um princípio indispensável. É nesse sentido que nós queremos atuar, trabalhar, desenvolver essa campanha do Natal Sem Fome, realizando na prática esse princípio do MST que é a solidariedade de classe”, diz a dirigente nacional do MST no Rio de Janeiro, Marina dos Santos.

Ela faz uma distinção entre “caridade” e “solidariedade de classe”.

Segundo Marina, esta também é uma forma de levar aos trabalhadores e trabalhadoras urbanas o resultado do processo de luta do MST pela reforma agrária popular, que se inicia na ocupação do latifúndio improdutivo, até a conquista do assentamento com a formação de comunidades rurais, produção de alimentos, construção de agroindústrias, escolas, postos de saúde, cultura e lazer para uma vida digna no campo.

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“Essa campanha é muito importante para nós, porque estamos levando para os trabalhadores urbanos a produção, o produto dos trabalhadores do campo, que têm a terra hoje como fruto da luta e da organização e da pressão ao estado para construir os assentamentos, que hoje estão à disposição para produzir comida, produzir alimentos saudáveis. São esses os alimentos que nós vamos oferecer no Natal Sem Fome, de forma solidária”, afirmou a dirigente.

David Zamory, da direção estadual do MST em São Paulo, salienta que as doações solidárias contra a fome não resolverão por si só este problema social. É preciso, acrescenta, que haja vontade e gestão política capaz de reverter essa realidade. Mas essas ações emergenciais se somam a uma resposta do movimento e dos trabalhadores no que o MST chama de pacto nacional contra a fome.

“Nesse momento de pandemia, muitas empresas, bancos e até setores do agronegócio têm financiado ações desse tipo. Grandes grupos que investem na monocultura para exportação com uso extensivo de agrotóxicos, muitos deles, grilando terras públicas inclusive, aderiram a essas práticas nesse período", pontua Zamory. 

"Nosso esforço é justamente demonstrar que só através da solidariedade de classe entre os trabalhadores do campo e os trabalhadores da cidade, com a perspectiva de construção de uma reforma agrária popular é que essa situação mude de fato”.

Dessa forma, ambos dirigentes concordam que as ações demonstram o potencial do projeto da Reforma Agrária Popular para o Brasil em benefício de todo o conjunto da sociedade e não só em benefício dos trabalhadores rurais, com a produção de alimentos saudáveis e construção da soberania alimentar para o país, projeto popular que faz parte do pilar que movimenta o MST.

Rede de solidariedade

A campanha vem sendo construída em conjunto a diversos movimentos sociais, estudantis, sindicatos, entidades religiosas, entre outros, além de contar com o apoio de artistas, educadores, influencers, amigas e amigos do MST. As doações estão sendo distribuídas em periferias urbanas e rurais, comunidades indígenas e para população em situação de rua.

Qualquer pessoa pode contribuir com a campanha. A depender das arrecadações, o movimento pode chegar a doar até mil toneladas de alimentos até 6 de janeiro de 2022. A arrecadação de doações de apoiadores tem sido feita por meio da coleta de alimentos não perecíveis entregues nas lojas da Rede de Armazéns do Campo do MST, entre outros locais disponíveis nas grandes regiões do país. 

Confira entrevista de Kelli Mafort, da coordenação nacional do MST, para Marilu Cabañas, na ‘Rádio Brasil Atual’: