Retrospectiva

Vacinas, repressões e resistências: veja 25 imagens que marcaram o ano de 2021

Indígenas em marcha, nuvem gigante de poeira e ruas ocupadas são algumas das cenas de 2021 no Brasil e no mundo

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Entre acontecimentos marcantes de 2021, estão os atos massivos contra Bolsonaro e a imunização da população contra a Covid-19 - Foto: Ricardo Stuckert

Apesar da batalha, o pente cheio / as tecnologias ancestrais nós temos / pra induzir o sonho dentro de um pesadelo / entre um traçante e outro / dilatar o tempo e imaginar um mundo novo. A música Primavera é do rapper cearense Don L que, assim como Elza Soares, Mateus Aleluia ou Chico César, lançou álbum no intenso ano de 2021.

Seus versos são uma das muitas possibilidades de síntese das fotos que, a seguir, retratam fragmentos que marcaram esse que foi o segundo ano da pandemia de covid-19 no Brasil e no mundo.  

Armas empunhadas, sangue nas favelas, militares no governo e hospitais lotados contrastam com os cartazes nas mãos, as vacinas nos braços, Brasília acampada, marmitas distribuídas e ruas ocupadas. As fotos não deixam mentir. 

1. Invasão do capitólio estadunidense 

O ano mal tinha começado quando, em 6 de janeiro, o Capitólio dos Estados Unidos foi invadido por partidários de Donald Trump, por ele convocados. Aos brados de “Save America”, o grupo – composto, entre outros, por supremacistas brancos – tentava impedir a ratificação da vitória presidencial do democrata Joe Biden. Cinco pessoas foram mortas e dezenas foram presas.

(AFP)

2. Amazonas sem respirar

Sobrevivente da crise de abastecimento de oxigênio que, em janeiro, gerou o maior colapso do sistema de saúde durante a pandemia de coronavírus no Brasil, uma senhora faz fisioterapia enquanto se recupera da doença em casa, em Manaus (AM). Ativistas, artistas e empresas se engajaram em campanhas para enviar o insumo para o Amazonas, depois de cenas de mortes por asfixia que chocaram o mundo. O governo venezuelano doou 130 mil litros de oxigênio para abastecer os hospitais diante da crise que poderia ter sido evitada pelo Ministério da Saúde, então sob gestão do general Eduardo Pazuello.

(Michael Dantas / AFP)

3. A vacina chega

A enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, foi a primeira pessoa a ser vacinada contra a Covid-19 no Brasil, em 17 de janeiro. Ela recebeu o imunizante Coronavac, desenvolvido pelo Instituto Butantan.

(Nelson Almeida / AFP)

4. Mianmar sofre golpe militar

Em Mianmar, no sudeste asiático, fevereiro começou com um golpe de Estado. Militares assumiram o governo e prenderam o então presidente Win Myant e a conselheira e vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 1991, Win Myint. Ambos são da Liga Nacional pela Democracia (LND). Protestos tomaram conta do país e ao menos 54 pessoas foram mortas e 1700 detidas pelo Exército.

(AFP)

5. Protestos pelo impeachment de Bolsonaro

Mesmo em plena pandemia, centenas de milhares de pessoas foram às ruas em todo o Brasil reivindicando o impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido). Ao longo de 2021, a Campanha Nacional Fora Bolsonaro, que reúne partidos políticos, centrais sindicais e movimentos sociais, organizou sete grandes manifestações. 

(Elineudo Meira / @fotografia.75)

6. Lula se torna elegível 

Em 10 de março, no Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo dos Campos (SP), Lula (PT) faz o primeiro discurso depois de se tornar elegível. Dois dias antes, o ministro do STF Edson Fachin havia anulado os atos processuais da Lava Jato de Curitiba contra o ex-presidente. Tempos depois, o petista anunciaria sua candidatura para concorrer à presidência nas eleições de 2022.

(Miguel Schincariol / AFP)

7. Contra a fome, comida no prato

Quentinhas, cestas básicas, cozinhas comunitárias e campanhas diversas. Diante do agravamento da fome no país, que atinge 19 milhões de pessoas de acordo com a Rede Penssan, 2021 foi marcado por iniciativas solidárias de distribuição de comida em todo o país. Entre elas, as cozinhas solidárias do  Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) distribuíram refeições em 11 estados brasileiros; a Ceagesp doou 1276 toneladas de alimentos só no primeiro semestre e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) distribuiu, desde o início da pandemia, cinco mil toneladas de alimentos saudáveis.  

(Wellington Lenon)

8. Revolta popular na Colômbia  

Um projeto de forma tributária - depois derrubado – foi a faísca de uma onda de protestos na Colômbia. Começaram em 28 de abril e se arrastaram por mais de 50 dias. Confrontos violentos com mortes e desaparições marcaram as manifestações diárias contra o presidente Iván Duque. 

(Juan Barreto / AFP)

9. Comunidade reage à Chacina do Jacarézinho

Moradores da favela do Jacarézinho, na zona norte do Rio de Janeiro, protestam contra a violência estatal. Em 6 de maio uma operação da Polícia Civil resultou na morte de ao menos 29 pessoas. A chacina é considerada a mais letal dos últimos 15 anos no estado carioca.

(Mauro Pimentel / AFP)

10. Israel volta a bombardear a Faixa de Gaza  

Em maio, cerca de 450 edifícios de regiões densamente povoadas em Gaza foram bombardeados pelo exército israelense, incluindo seis hospitais. De acordo com a ONU, mais de 52 mil palestinos foram deslocados. Foram os piores ataques de Israel contra a Palestina em anos.

(Said Khatib / AFP)

11. “Vacina no braço e comida no prato” 

Essa foi uma das principais palavras de ordem dos atos “Fora Bolsonaro”. Em 19 de junho, as Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo estimam que cerca de 750 mil pessoas compareceram a atos em 427 cidades brasileiras e em outros 17 países.

(Ricardo Stuckert)

12. O escândalo da Covaxin 

O depoimento dos irmãos Miranda (um sendo servidor do Ministério da Saúde e o outro, deputado) na CPI da Covid-19 foi um divisor de águas nas denúncias envolvendo a gestão Bolsonaro na pandemia. A partir daí tornou-se público que, a um preço exorbitante e com pagamento adiantado, o governo federal pretendia comprar 20 milhões de doses da vacina Covaxin em suposto esquema de fraude intermediado pela empresa Precisa Medicamentos. 

(Edilson Rodrigues / Agência Senado)

13. Presidente do Haiti é morto a tiros em sua casa 

Marielle Moise discursa durante o funeral de seu irmão, o então presidente do Haiti Jovenel Moise. Ele foi assassinado a tiros em sua residência, em Porto Príncipe, no dia 7 de julho. O episódio segue pouco elucidado. 

(Valerie Baeriswyl / AFP)

14. Avenidas bloqueadas demandando a saída de Bolsonaro 

A av. João Dias, na zona sul da capital paulista, foi uma das que amanheceram bloqueadas em protesto contra o presidente em 24 de julho. Ações como essa antecederam os 426 atos de rua que aconteceram no país no #24J, exigindo a deposição de Bolsonaro.  

(Comunicação MTST)

15. Rebeca Andrade brilha nos Jogos Olímpicos de Tóquio

Ao som de “Baile de favela”, a ginasta Rebeca Andrade conquista, em agosto, o primeiro ouro olímpico da ginástica artística feminina brasileira. Com ouro no salto e prata no individual geral, ela se torna também a primeira mulher do país a conquistar duas medalhas em uma única edição das Olimpíadas.

(Lionel Bonaventure - AFP)

16. Talibã retoma o poder no Afeganistão 

Afegãos lotam aviões no aeroporto de Kabul, fugindo do país depois que o Talibã retomou o poder no país, em 15 de agosto. O governo do Afeganistão passou para as mãos de Muhammad Hassan Akhund, um dos fundadores do grupo islâmico.

(Wakil Kohsar - AFP)

17. Estátua de Pedro Álvares Cabral em chamas

Símbolo da colonização, a escultura de Pedro Álvares Cabral no bairro da Glória, no Rio de Janeiro, foi incendiada em 24 de agosto. A ação foi contra o Marco Temporal que, se aprovado no STF, vai limitar o reconhecimento de terras indígenas à comprovação de sua ocupação antes de 1988, quando foi promulgada a Constituição Federal.

(Instagram Midia1508)

18. Nuvem gigante de poeira no Sudeste 

Como resultado da falta de chuvas e de queimadas constantes, uma enorme quantidade de poeira acumulada tomou conta de cidades do interior de São Paulo e Minas Gerais em setembro. Em Ribeirão Preto (SP) a onda de poeira vermelha veio junto com rajadas de vento de até 95km/h.

(Redes sociais)

19. MTST ocupa a Bolsa de Valores   

“Sua ação financia minha miséria”. Com cartazes como esse, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto denunciaram o crescimento do desemprego, da inflação e da fome no Brasil. Ocuparam, no dia 23 de setembro, a sede da Bolsa de Valores em São Paulo.

(Divulgação MTST)

20. Seis mil indígenas acampam em Brasília 

A mobilização nacional “Luta pela vida” reuniu milhares de indígenas de diferentes povos do país por semanas durante o mês de setembro em Brasília. Assembleias, reuniões e marchas fizeram parte das atividades contra a aprovação do Marco Temporal. Empatado por um a um e temporariamente suspenso, o julgamento no STF deve ser retomado em 2022.

(Carlo de Souza - AFP)

21. Prevent Senior é escrachada 

O dia 30 de setembro amanheceu com a fachada da sede da Prevent Senior em São Paulo tingida de vermelho. O escracho foi feito pelo Levante Popular da Juventude em reação aos escândalos da operadora de saúde envolvendo experimentos com pacientes, aplicação de tratamentos sem eficácia e alteração de laudos para ocultar a causa de mortes por Covid-19.

(Instagram @guifrodu)

22. #BrequeDosApps: greves de entregadores passam a durar vários dias

De setembro até dezembro de 2021, entregadores de aplicativos fizeram paralisações prolongadas em ao menos nove cidades: São José dos Campos (SP), Paulínia (SP), Jundiaí (SP), São Carlos (SP), Bauru (SP), Atibaia (SP), Niterói (RJ), Carapicuíba (SP) e Barueri (SP). O recorde de duração foi de oito dias. Tendo como principal alvo o iFood, a maior empresa do ramo no Brasil, os grevistas reivindicam o aumento da taxa mínima por corrida e melhores condições de trabalho.  

(Henrique Prando)

23. Offshore milionária de Paulo Guedes em paraíso fiscal é revelada

Em outubro, o projeto Pandora Papers de investigação jornalística desvendou políticos e empresários com empresas em paraísos fiscais. Entre eles, ninguém menos que o ministro da Economia do Brasil. A permanente alta do dólar garantiu a Paulo Guedes uma enorme valorização de seu patrimônio.

(Nelson Almeida - AFP)

24. Lideranças indígenas se destacam na COP26

Glasgow, na Escócia, foi palco da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), realizada em novembro. Da participação brasileira, o destaque foi das mulheres indígenas. Quarenta lideranças compuseram a maior delegação indígena que o país já enviou ao evento. A cacica Juma Xipaia, sobrevivente de atentados por conta da sua luta contra a construção da usina de Belo Monte no Pará, foi uma delas. 

(Instagram @olivernija_Mídia Ninja_CopCollab26)

25. “Vaca magra” na frente da Bolsa de Valores em SP viraliza  

Uma vaca amarela esquálida foi instalada na frente da Bolsa de Valores de São Paulo, em dezembro. A escultura da artista plástica cearense Marcia Pinheiro, denunciando a fome e o desemprego que assolam o país, viralizou nas redes. A obra se contrapôs ao “Touro de ouro”, colocado no mesmo lugar no mês anterior por empresas de investimento. Antes de ser removido, o “Touro”, réplica de estátua que fica no centro financeiro de Wall Street, foi seguidamente escrachado.

(Instagram @marciapinheiroficial)

 

Edição: Leandro Melito