Jornalismo

Após demissões no jornal Correio do Povo, Sindicato dos Jornalistas do RS emite nota

Além do editor-chefe, foram demitidos cinco jornalistas que trabalhavam como correspondentes e um da redação

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |

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Além do editor-chefe, o jornal Correio do Povo, do Grupo Record, demitiu cinco correspondentes do Interior e um da redação - Reprodução

O jornal Correio do Povo, propriedade do Grupo Record, vem demitindo uma série de profissionais de imprensa nos últimos meses. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS (Sindjors) levantou que foram demitidos o editor-chefe do jornal, cinco jornalistas que trabalhavam como correspondentes e um profissional da redação.

Segundo o Sindjors, alguns destes tinham décadas de serviços prestados à empresa. Ainda segundo o Sindicato, as demissões foram feitas alegando "readequação da estrutura e contenção de despesas".

Entre as demissões na redação, uma foi a do editor-chefe Eugênio Bortolon, que completaria 30 anos na empresa em 1º de setembro. Segundo apurou o Sindjors, foi utilizada a justificativa de uma "renovação editorial". O desligamento aconteceu no mesmo dia que Juremir Machado da Silva foi comunicado de sua demissão. Juremir tinha 21 anos de trabalho no jornal.

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Em entrevista ao Sul21, Juremir afirmou que rádio e jornal deram uma guinada para a extrema-direita com a chegada de Jair Bolsonaro à presidência, especialmente a partir de 2020.

"Teve o episódio do feijão e do fuzil, em que o Bolsonaro disse que idiota era quem comprava feijão, que o mais importante era comprar fuzil. Eu fiz um comentário bem irônico para o podcast e aí o chefão lá, o bispo que manda na empresa, disse: ‘Tira’. Extinguiu o podcast. O podcast que eu tinha fazia há um bom tempo acabou. Ali foi uma sinalização bem clara do que pode e do que não pode. Aos poucos, política não podia mais", diz.

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O jornalista falará sobre comunicação e democracia em tempos bolsonaristas ao Jornal O Coletivo e ao Esquina Democrática da Rádio 107.9 de Cruz Alta - RS nesta terça-feira (11), 19h.

Eugênio tem uma trajetória de 50 anos dedicados ao jornalismo. Formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), passou pela equipe do arquivo do jornal Zero Hora, Rádio Gaúcha e editoria de esportes da extinta Folha da Tarde. Com o fechamento da Folha, Bortolon retornou para ZH, onde trabalhou por dez anos. Mais tarde, quando o Correio do Povo voltou a circular, com novos proprietários, Bortolon foi contratado na editoria de Economia, o que lhe rendeu o título de Jornalista de Economia do Ano, prêmio concedido pelo Corecon (RS).

Ainda na redação do Correio, outro demitido foi o repórter de geral Cláudio Isaias, com nove anos e seis meses de casa, para quem foi alegada restruturação. Esta era a única fonte de renda do jornalista, que já atuou, durante 17 anos, no Jornal do Comércio.

Demissões afetaram correspondentes

O Sindjors recorda que as demissões de correspondentes no Interior iniciaram em novembro de 2021. Entre eles, Otto Tesche, 27 anos a serviço do tablóide no Vale do Rio Pardo. Otto é coordenador de produção na Gazeta do Sul de Santa Cruz do Sul. A readequação da estrutura foi o motivo, segundo a direção do Correio do Povo. Renato Oliveira, também demitido, diz que a motivação, de acordo com um dos gestores do Correio, teria sido a contenção de despesas. Ele respondia pela Região Centro do RS e foi afastado depois de 21 anos. Sediado em Santa Maria, ele atua na Rádio Imembuí há três anos.

Outro que lamentou a supressão do cargo de correspondente, na Região Noroeste, foi Felipe Dorneles, com mais de 13 anos na função. Lembrou ao Sindjors que a antiga Central do Interior do CP já contou com mais de 20 correspondentes e, com a redução de representantes ao longo do tempo, ele teria passado a atender também a Santo Ângelo, Ijuí e Carazinho.

Halder Ramos, que respondeu por 11 anos pelo Vale das Hortências também foi desligado. Ele é editor do jornal Nova Época e, com a HR Press, presta assessoria de imprensa na região.

Stephany Sander, da Região do Vale do Sinos, com nove anos de CP, também foi afastada. Coordenadora de produção da Rádio União FM, onde também apresenta dois programas, ela ainda comanda a Vôo Conteúdo, agência de assessoria para bandas, que gerencia 13 grupos e é responsável pela curadoria musical do Festival Quarto POA.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko