MEMÓRIA

Descoberta do Cemitério dos Pretos Novos no Rio completa 26 anos no mês de janeiro

Para celebrar a data, Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos realiza circuito histórico na zona portuária

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Instituto Pretos Novos foi fundado em 13 de maio de 2005; sítio arqueológico foi descoberto durante uma reforma residencial - Foto: Marco Antonio Teobaldo

O sítio arqueológico Cemitério dos Pretos Novos, localizado na região portuária do Rio de Janeiro, completa 26 anos neste mês de janeiro. Para celebrar a data, o Museu Memorial Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN) realiza, a partir desta quarta-feira (12), o ciclo de circuitos históricos guiados. A programação é gratuita até o mês de abril e voltada para reverenciar a memória dos escravizados.

O circuito histórico é realizado por guias turísticos com certificação oficial no Cadastur, do Ministério do Turismo e capacitados pelo Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos. O trajeto, que possui cerca de dois quilômetros, é percorrido, aproximadamente, em duas horas por grupos de até (no máximo) 20 pessoas.

Durante o passeio, os participantes saberão sobre a história da zona portuária do Rio de Janeiro na perspectiva social e cultural de africanos, indígenas e seus descendentes no Brasil. Para se inscrever basta acessar o site oficial do Museu.

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A iniciativa conta com o apoio do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), que selecionou este projeto através de edital público.

Formação

Ao longo do mês de janeiro o IPN também oferece capacitação para guias de turismo interessados em aprender todos os detalhes sobre o circuito histórico. 

''A procura tem sido tão grande que a primeira turma já está lotada e precisaremos abrir inscrições, no mês de fevereiro, para uma nova turma em março. Com isso percebemos que existe uma demanda contida muito grande para os assuntos relacionados ao circuito histórico de Herança Africana. As inscrições de todas as nossas atividades educativas se esgotam rapidamente, sobretudo para os educadores e profissionais do turismo”; conta Merced Guimarães dos Anjos, fundadora do instituto.

Os interessados em participar da próxima turma precisam efetuar a inscrição no próprio site do IPN a partir do próximo mês. O valor total do investimento é de R$150.  

Herança escravagista

O sítio arqueológico é considerado o maior cemitério de escravos das Américas, estima-se que tenham sido enterrados de 20 a 30 mil pessoas, embora nos registros oficiais esses números sejam menores, 6.122 entre 1824 e 1830. 

Os escravizados que não resistiam aos maus tratos e ao deslocamento até o Brasil tinham os corpos jogados em valas e queimados. A área servia também como depósito de lixo.


Cemitério dos Pretos Novos é considerado o maior deste gênero nas Américas / Fotos: Marco Antonio Teobaldo

Além de ossos humanos, havia pertences dos pretos novos, como restos de alimentos e objetos de uso cotidiano descartados pela população. No local, arqueólogos identificaram milhares de fragmentos de restos mortais de jovens, homens, mulheres e crianças, africanos recém-chegados ao Brasil.

A descoberta do cemitério ocorreu por acaso durante uma reforma residencial em oito de janeiro de 1996. A família Guimarães dos Anjos encontrou o sítio arqueológico no primeiro dia de obra durante uma manutenção na casa em que vivem até os dias de hoje. 

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Desde a sua fundação do IPN, em 13 de maio de 2005, a família tem se mobilizado para manter o espaço contando também, desde 2013, com algumas parcerias. Além de Museu Memorial, o instituto também é Galeria de Arte Contemporânea, biblioteca e ainda conta com auditório constantemente ocupado com uma programação de oficinas ao longo de todo o ano. 

Como conhecer?

As visitações ao IPN são gratuitas de terça a quinta-feira (10h às 16h) e pagas às sextas-feiras (10h às 16h) e sábados (10h ao meio dia) com ingressos a R$20 (inteira) e R$10 (meia entrada). A entrada no local só será permitida mediante o uso de máscara e a apresentação da carteira de vacinação/passaporte vacinal contra covid-19 em dia. 

O IPN está localizado na Rua Pedro Ernesto, 32, Gamboa, no Rio de Janeiro, próximo ao VLT da Praça da Harmonia. Para mais informações, contate o instituto pelo e-mail: [email protected] ou pelo telefone:  (21) 2516-7089.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Jaqueline Deister