CLIMA

Chegada de frente fria deve levar chuva para o RS, mas não alivia prejuízos no campo

Atualmente, são nove mil localidades e mais de 253 mil propriedades rurais atingidas

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Nas cidades, a virada no tempo traz alívio, mas no campo não deve modificar o panorama da estiagem
Nas cidades, a virada no tempo traz alívio, mas no campo não deve modificar o panorama da estiagem - Divulgação MPA

Após acumular recordes nos termômetros durante 14 dias, a onda de calor que sufoca o Rio Grande do Sul promete acabar nesta quarta-feira (26). Uma frente fria chegará ao estado, segundo previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Com ela, virá a chuva e uma derrubada, em média, de 10 graus centígrados nas máximas verificadas nas últimas duas semanas. Hoje, 354 dos 497 municípios gaúchos já decretaram situação de emergência devido à seca. 

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A quarta-feira deve começar abafada, mas trazendo também pancadas de chuva e temporais isolados, sempre com risco de vendavais e queda de granizo. Chegando pelo Sul e Oeste do estado, a chuva somente à tarde deverá se expandir pelo território gaúcho. 

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“Forno Alegre”

Embora os acumulados de precipitação possam ficar em torno de 80 milímetros em algumas áreas, o INMET adverte que a tendência “é de mais uma semana com totais de chuva abaixo de 40 milímetros no Rio Grande do Sul”.

Para se ter uma ideia de gravidade da situação, na última segunda-feira (24), o instituto Climatempo colocou três cidades gaúchas – São Luiz Gonzaga (41,8°C), Ibirubá (39,8°C) e Santa Rosa (39,3%) – entre as seis mais quentes do Brasil. São Luiz Gonzaga, nas Missões, fronteira com a Argentina, bateu o recorde nacional.

Porto Alegre – que o humor popular apelidou de “Forno Alegre” – marcou 36,6°C, superada, naquele dia, apenas por Boa Vista (RR) entre as capitais.

Devastação nas lavouras

Nas cidades, a virada no tempo traz alívio, mas no campo não deve modificar o panorama da estiagem. Hoje, já são nove mil localidades e mais de 253 mil propriedades rurais atingidas, segundo o último boletim liberado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do Rio Grande do Sul. Apenas entre os produtores de milho, são quase 93 mil com perdas na produção. Os danos podem consumir até 65% da colheita calculada inicialmente.

Logo depois, na contabilização dos prejuízos, vem os plantadores de soja. São 82 mil com redução na produtividade. A queda pode ir de 25% da produção até mais de 45% nas regiões mais castigadas situadas no Noroeste gaúcho.

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As perdas na primeira safra do feijão oscilam entre 5% até 95% dependendo do local. As maiores perdas médias – mais de 60% – estão localizadas em Ijuí e arredores, também no Noroeste. Nas últimas semanas, porém, as perdas se espalham também pelas regiões Sul, Campanha e Alto Uruguai.

2,2 milhões de litros perdidos por dia

A ausência da chuva também devastou o cultivo de frutas e hortaliças. Na fruticultura, o tombo estimado é de 750 mil toneladas, enquanto na olericultura atinge 75 mil.

Na produção de leite, há uma queda avaliada em 82,5 litros em cada uma das 27,3 mil propriedades que se dedicam à bovinocultura leiteira. “Dessa forma – diz o boletim semanal da Emater/RS – a redução na produção diária de leite no estado é de aproximadamente 2,2 milhões de litros”. Também houve uma redução de 70% das pastagens do rebanho leiteiro.

Atualmente, mais de 21 mil famílias estão com dificuldades de acesso à água para consumo doméstico.

Queimadas no Sul

Relativamente comuns no Norte e Centro-Oeste, as queimadas vieram agravar o quadro no Sul. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectou 146 focos de incêndio no estado, número 214% superior ao mesmo mês do ano passado. Conhecido pelas altas temperaturas no verão, Alegrete, na região da Campanha, registrou 37 queimadas, número inferior apenas aos de municípios de Roraima.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko