Diálogo

Lula deve encontrar Fernando Henrique e Guilherme Boulos esta semana, diz colunista

Petista afirmou não ver “nenhum problema em fazer uma chapa com Alckmin e ter ele de vice”

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Cientistas políticos consideram positivos os movimentos de Lula em busca do diálogo, e, mais do que isso, necessários para derrotar o projeto de destruição bolsonarista - Presidência Argentina

Depois das tratativas entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin, parece ter chegado a vez do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso entrar na agenda do petista, líder de todas as pesquisas de intenção e com possibilidade de vencer a eleição presidencial no primeiro turno.

Segundo o colunista de O Globo, Lauro Jardim, Lula se encontrará com nesta semana FHC e com o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), e pré-candidato a governador de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos.

FHC e Lula se encontraram em maio de 2021, em São Paulo, durante um almoço na casa do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim.

Com o diálogo o mais amplo possível com setores da esquerda à centro-direita, Lula tenta pavimentar um caminho eleitoral, a vitória no primeiro turno, um futuro governo de coalizão e mitigar as oposições a um possível terceiro mandato do ex-presidente nos meios militares e no mercado. Hoje, setores desses dois segmentos são os mais resistentes à eleição de Lula.

Na semana passada, ao comentar uma já provável aliança com Alckmin, Lula afirmou: “Não terei nenhum problema em fazer uma chapa com Alckmin e ter ele de vice. Nós vamos construir um programa de interesse para a sociedade brasileira.”

Ele deu a declaração na entrevista concedida na quarta-feira (19) à mídia progressista. “Ganhar as eleições é mais fácil do que governar. Por isso temos que fazer alianças e construir parcerias”, acrescentou o ex-presidente.

Já na sexta-feira (19), o ex-governador paulista comentou a fala de Lula. “Achei positivo, bom”, disse Alckmin à Folha de S. Paulo, em uma padaria no Itaim Bibi, em São Paulo.

“Sinal ruim”

No outro polo do espectro político, Boulos é uma das lideranças que se opõem à aliança com Alckmin. Segundo ele, a possibilidade de o ex-governador ser vice da chapa petista é um “sinal muito ruim”.

“Entendemos que o Lula é quem tem melhores condições de enfrentar e derrotar o Bolsonaro, que é o maior desafio desse ano. Agora, a possibilidade de Alckmin como vice é um sinal muito ruim”, disse na semana passada ao Correio Braziliense.

Entre cientistas políticos já ouvidos pela RBA, vários consideram positivos os movimentos de Lula em busca do diálogo, e, mais do que isso, necessários para derrotar o projeto de destruição bolsonarista.

Para Maria do Socorro Braga, por exemplo, a esquerda sozinha não conseguirá vencer. Nesse contexto, na opinião da professora da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), um acordo com setores como os representados por Alckmin pode ser positivo, desde que seja “programático”. Até porque, lembra ela, o Plano Real foi implementado por FHC.

Já para a professora de Ciência Política Mayra Goulart da Silva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alckmin é uma peça importante porque é um aceno de Lula para o centro. Isso, na sua avaliação, pode ser fundamental para desmobilizar a narrativa que o aponta como “radical” e, mesmo assim, manter o projeto de políticas progressistas.