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Novo Ensino Médio: entenda o que muda e quais as contradições do modelo no Programa Bem Viver

Para especialista, nova proposta pode “esvaziar ensino” e aumentar desigualdades educacionais no país

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O objetivo da mudança no Ensino Médio, segundo o MEC, é preparar os estudantes para o mercado de trabalho
O objetivo da mudança no Ensino Médio, segundo o MEC, é preparar os estudantes para o mercado de trabalho - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Os estudantes mais pobres serão os mais prejudicados

O Novo Ensino Médio, aprovado em 2017, começa a entrar em vigor no país neste ano. De forma gradativa, alterações significativas nas escolas públicas e particulares serão implementadas, mas o que muda na prática? Quais os limites e contradições desse novo modelo? Ele pode ajudar a superar os desafios da educação brasileira?

Quem responde a essas e outras perguntas é o pesquisador de políticas educacionais e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), Fernando Cássio, na edição de hoje (26) do Programa Bem Viver. Para ele, esse novo modelo pode aumentar as desigualdades.

Por lei, todas as unidades da federação devem adotar o Novo Ensino Médio. A nova proposta altera a carga horária e o modelo de aprendizado. As disciplinas clássicas serão agrupadas por áreas de conhecimento, com conteúdos que convergem entre si. Além disso, o tempo de permanência dos estudantes nas escolas passará de quatro para cinco horas por dia. Escolas poderão oferecer novos conteúdos voltados para formação técnica e profissional.

O objetivo, segundo o Ministério da Educação (MEC), é preparar os estudantes para o mercado de trabalho. Especialistas que defendem a mudança afirmam que o currículo tradicional, voltado para um conhecimento mais geral, causa desinteresse e é o responsável pela evasão escolar.

“Os estudantes mais pobres, que sempre tiveram pouco acesso à educação, serão os mais prejudicados com esse esvaziamento do ensino”, disse. “Os cursos técnicos e profissionalizantes vão substituir matérias importantes como ciências, sociologia, filosofia, história, química porém não formam de forma sólida. São cursos superficiais, de curta duração”.

Matopiba

A região do Matopiba, que engloba os estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, é conhecida como última fronteira agrícola do país, onde o desmatamento mais cresce. Tanto que entre julho de 2020 e agosto de 2021, a área bateu recordes de derrubada de árvores, com um total que equivalente a seis cidades de São Paulo desmatadas.

Para especialistas, os impacto da retirada da vegetação nativa podem ser desastrosos. Um dos efeitos já sentidos foram os intensos alagamentos na região no começo deste ano, causados por alterações nos regimes de chuva, que por sua vez são influenciadas diretamente pelo desmatamento.

O solo degradado perde capacidade de absorção da água. Então, todo volume de chuva acaba se acumulando e causando enchentes.

Obesidade

Na última década a obesidade cresceu de forma expressiva no Brasil e projeções de especialistas apontam que essa tendência vai permanecer nos próximos anos. Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros e chilenos aponta que em 2030 cerca de um terço da população estará obesa. O número de pessoas em sobrepeso também deve aumentar, chegando a 70% dos brasileiros.

Uma das formas de o poder público reverter o problema é incentivar a alimentação saudável, ampliando a oferta de alimentos de qualidade, em especial os in natura em vez dos ultraprocessados.

Outro ponto importante é dividir a responsabilidade de preparo das refeições entre os membros da família. Um estudo realizado pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP) mostra que na maioria das casas brasileiras são exclusivamente as mulheres que cozinham.


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Edição: Sarah Fernandes