XENOFOBIA

Assassinato de Moïse é fruto de um país governado por um fascista e muitos milicianos, diz Lula

Ex-presidente mostrou indignação com assassinato brutal do jovem congolês espancado após cobrar por serviços prestados

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"Uma parte da bandidagem está governando esse país", sentenciou Lula - Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

“Você viu o que aconteceu no Rio de Janeiro? Num quiosque na beira da praia, quando mataram um jovem do Congo com um taco de basebol? Sabe, isso não é normal. Isso não é humano”, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele se referia ao assassinato de Moïse Kabagambe, espancado até a morte, na Barra da Tijuca, em 24 de janeiro.

O congolês foi atacado com crueldade após cobrar pelos serviços que havia prestado ao quiosque. O assassinato repecurtiu nas redes sociais, com a hashtag #JustiçaPorMoise. O crime está envolto em uma série de questões estruturais do país, como banalização da violência, exploração e precarização dos direitos trabalhistas; poder das milícias, racismo e xenofobia.

O país e o assassinato

Lula afirma que a morte de Moïse é um espelho do atual momento social e político do Brasil. “Isso é resultado de um país que está sendo governado por um fascista e por muitos milicianos. Uma parte da bandidagem está governando esse país”, sentenciou o ex-presidente.

De acordo com a família do congolês, que foi recebida nesta quarta-feira (2) pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), o quiosque devia R$ 200 a Moïse. O dinheiro era essencial para o jovem, que precisava pagar o aluguel de uma casa simples na zona norte da capital fluminense, onde morava com primos e irmãos.

Movimentos sociais organizam um protesto para sábado (5). O corpo do jovem foi sepultado no último domingo (30) no Cemitério do Irajá. Moïse chegou ao Brasil aos 14 anos, em 2011, com a mãe e irmãos. Eles vieram refugiados de conflitos armados na República Democrática do Congo.