ESPERANÇA

OMS: pandemia de covid-19 pode estar em fase final na Europa

Vacinação e menor agressividade da ômicron podem proporcionar período mais brando no continente

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Reino Unido já começou a relaxar medidas contra a Covid-19, mesmo com o aumento de casos - Andrew Parsons / Fotos Públicas

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta quinta-feira (3) que a Europa pode, em breve, entrar no período mais brando da pandemia de covid-19 desde seu início, em março de 2020.

O diretor regional da entidade para a Europa, Hans Kluge, classificou o período futuro como "um cessar-fogo que poderia nos trazer paz", acrescentando que o atual contexto "abre possibilidade para um longo período de tranquilidade".

Esse contexto se deveria a três fatores: o alto índice de vacinação contra o novo coronavírus e de recuperados de infecções no continente; os efeitos mais amenos da variante ômicron; e o fim do inverno, marcado oficialmente para 20 de março. Em geral, os vírus provocam menos infecções durante os meses de temperatura mais amena.

Segundo Kluge, isso colocaria a Europa em uma posição privilegiada, mesmo se outras variantes do coronavírus surgirem nos próximos meses. Ele acredita que "é possível responder a novas variantes, que inevitavelmente surgirão, sem aplicar as medidas desgastantes que antes eram necessárias".

Necessário seguir atento

O chefe da OMS também classificou o atual período como uma "plausível fase final da pandemia", quase dois anos após seu início. O principal indicador seria o menor número de óbitos relacionados, em comparação a 2020 e 2021.

Ele alertou, no entanto, que as autoridades europeias devem seguir atentas, provendo imunização por meio de doses de reforço e investindo em seus sistemas de saúde. E insistiu que as vacinas devem ser distribuídas não só em todo o continente europeu, mas também no resto do mundo.

Nesse sentido, cientistas têm alertado seguidamente que somente com a maioria da população mundial vacinada será possível prevenir um maior número de casos graves e de mortes devido à doença.

Somente na última semana, foram registrados na Europa 12 milhões de novos casos de coronavírus – a maior taxa desde o começo da pandemia –, lembrou Kluge. Mas argumentou que, apesar do alto índice de contágios, principalmente pela variante ômicron, o número de internações em UTIs não aumentou significativamente.

Países já começam a relaxar medidas

Apesar dos milhões de casos recentemente registrados, o menor índice de hospitalizações de pacientes em estado grave, em comparação a outros períodos, levou alguns países a decidirem pelo relaxamento das medidas restritivas anti-covid.

França, Irlanda e Reino Unido, por exemplo, anunciaram que vão diminuir as restrições mesmo com o aumento de infecções. O caso mais emblemático é o da Dinamarca, cuja a primeira-ministra, Mette Frederiksen, declarou um "'adeus' às restrições e 'olá' à vida que conhecíamos antes do coronavírus".

Desde a terça-feira, o uso de máscaras deixou de ser obrigatório e não é mais preciso apresentar comprovante de vacinação, nem fazer testes. Não há mais limitação de público em grandes eventos. Nos estádios de futebol, todos os assentos podem ser ocupados, e discotecas e bares também voltaram a funcionar.

A Noruega também relaxou algumas medidas, mas manteve o uso obrigatório de máscaras médicas em lugares fechados.

Mas a pandemia ainda não terminou

Ao fim do pronunciamento, Hans Kluge deixou claro que o fato de a Europa estar possivelmente prestes a entrar numa fase mais branda da pandemia não significa que o problema acabou, mas sim que "há uma oportunidade única de controlar as transmissões".

Ele reforçou que um cenário mais otimista só poderá ser confirmado se os países seguirem firmes nas campanhas de vacinação e intensificarem a vigilância para detectar novas variantes. Além disso, segundo o diretor regional da OMS, é preciso as autoridades sanitárias continuarem protegendo grupos de risco e promovendo a responsabilidade social e individual, com políticas de distanciamento e uso de máscaras.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, por outro lado, advertiu que o mundo ainda pode estar longe do fim da pandemia: "Estamos preocupados com essa narrativa de que, devido às vacinas e à ômicron, não é mais necessário tomar medidas preventivas. Isso está longe de ser verdade."

Por fim, a OMS reforçou que mesmo os países que têm alta taxa de vacinação não devem sucumbir à pressão política e se livrar imediatamente de todas as medidas restritivas para contenção do coronavírus.