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Lula fortalece aliança PT-PSB em Pernambuco, mas São Paulo ainda é nó a ser desatado

PT oferece apoio ao candidato do PSB ao governo de Pernambuco e avança no xadrez para obter apoio a Haddad em São Paulo

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Paulo Câmara e Lula se encontraram nesta quinta (3); já em São Paulo, PT avança no convencimento para que PSB apoie Haddad - Ricardo Stuckert

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu nesta quinta-feira (3) em São Paulo com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). Embora o apoio do PSB a Lula (PT) na eleição presidencial de 2 de outubro esteja praticamente consolidado, restam arestas regionais para afinar as estratégias das legendas. O apoio do PT a um candidato do PSB em Pernambuco é moeda forte para reduzir a resistência dos socialistas em apoiar o petista Fernando Haddad ao governo de São Paulo.

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O PSB ainda insiste numa candidatura do ex-governador Márcio França no maior colégio eleitoral do Brasil. Mas o PT, após o encontro dessa quinta, avançou algumas casas no tabuleiro. A reunião com Lula fortaleceu o nome do deputado federal Danilo Cabral para a sucessão na Câmara.

Desse modo, o PT dá um passo atrás na candidatura do senador Humberto Costa ao governo estadual, embora o PSB não tenha recuado – ainda – do nome de França em São Paulo. Costa está mais bem posicionado do que Cabral nas pesquisas locais. Mas nada que a popularidade do ex-presidente e do atual governador não possam resolver.

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Quando ex-prefeito do Recife, Geraldo Julio, nome natural do PSB em Pernambuco, anunciou que não entraria na disputa, a legenda ficou sem um nome forte eleitoralmente. Ou seja, o passe de Humberto Costa valorizou-se. Ao aceitar abrir mão da candidatura ao governo de Pernambuco para apoiar o nome do PSB, o PT faz um movimento importante. Tanto na direção do nome de Haddad quanto na construção da chamada federação partidária.

Lula vê o nome de Haddad com grandes possibilidades de vencer em São Paulo. E, além disso, com força para impulsionar a eleição de uma bancada maior de deputados federais, tanto para o PT quanto para uma eventual federação que venha se formar unindo legendas do campo progressista.

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Palanques e programas

A federação partidária é uma espécie de coligação, mas que não pode valer só para o processo eleitoral. Exige afinidade de programas e, além disso, a manutenção do “casamento” pelos quatro anos de uma legislatura.

Ou seja, se PT, PCdoB, PV e PSB superarem os atuais entraves para formação de uma federação, terão de seguir unidos até o final de 2026. Caso contrário, um parlamentar que contrarie decisões conjuntas da federação pode perder o mandato. Mas o estatuto da federação ainda está pendente de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal.

Assim, o avanço entre PT e PSB em Pernambuco fortalece uma candidatura petista ao Senado, que pode ser o deputado Carlos Veras ou a deputada Marília Arraes. E se soma – na ampliação de uma aliança nacional – ao passo dado com a movimentação anunciada no Maranhão.

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O vice-governador Carlos Brandão, eleito na chapa do atual governador Flávio Dino (eleito pelo PCdoB e hoje no PSB) anunciou na segunda-feira (31) a mudança de partido. Sai do PSDB, vai ao PSB e disputa o governo com o apoio de Dino. Com isso, Lula ganha mais um palanque no estado. Isso porque o PDT rompeu com a base aliada de Dino e ratificou a candidatura do senador Weverton Rocha (PDT). Mas mantém o apoio a Lula.

Rocha se considera ativista histórico do campo progressista. Por isso, criticou a migração de Brandão do PSDB para o PSB, que classificou como oportunismo. O ex-tucano, por sua vez, defendeu a mudança de legenda como necessária.

Alegou, em entrevista coletiva, não haver ambiente para permanecer no mesmo partido que tem um candidato como o governador de São Paulo, João Doria. “Eu tenho que ir de braço aberto para o campo nosso, o campo popular”, afirmou.