Justiça patriarcal

Corte brasileira anula julgamento por estupro contra ator argentino Juan Darthés

Faltavam apenas duas audiências para concluir o caso; "é uma aberração", disse a denunciante.

Brasil de Fato | Buenos Aires, Argentina |

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Juan Darthés está foragido no Brasil com esposa e filhos desde a denúncia por estupro, em 2018. - Reprodução

A atriz argentina Thelma Fardin anunciou em suas redes sociais que a justiça brasileira decidiu suspender o processo por estupro contra o ator argentino Juan Darthés, foragido no país desde a denúncia, em 2018, por ter dupla cidadania.

"Hoje, um Tribunal Superior do Brasil decidiu voltar a zero o processo que já estava praticamente no final contra Juan Darthés", anunciou a atriz em um vídeo, em uma fala entrecortada. "Um processo muito difícil de iniciar e que é suspenso não por irregularidades, se não porque um tribunal diz que não há jurisdição. Um monte de tecnicismos insuportáveis, injustos. Injusto que uma vítima tenha que saber de tantos tecnicismos. Mas a mensagem, hoje, é a impunidade", enfatizou Fardin.

 

O processo era julgado na 7ª Vara Criminal Federal de São Paulo e teve início em novembro do ano passado após o trabalho em conjunto dos Ministérios Públicos Fiscais de três países envolvidos: Brasil, Argentina e Nicarágua, onde o crime ocorreu, em 2009, quando Thelma tinha apenas 16 anos. Os atores eram parte do elenco da série "Patito feo", que era gravada no país centro-americano.

Ao final de sua mensagem gravada, Fardin disse estar "cansada, mas não vencida". "Vamos a continuar insistindo que a Justiça escute. Não acaba aqui."

O coletivo feminista Atrizes Argentinas, o qual integra também Fardin, convocou um protesto para amanhã (10) em frente ao consulado brasileiro na cidade de Buenos Aires, às 12h (Carlos Pellegrini, 13631), para prestar apoio à Thelma e denunciar a impunidade perpetuada pela decisão da Justiça brasileira.

Edição: Arturo Hartmann