TENSÃO

Em meio ao aumento das tensões com a Ucrânia, Russia testa mísseis com potencial nuclear

Ao mesmo tempo, em Donetsk, separatistas dão ordem de mobilização geral contra Kiev; líderes ocidentais criticam Putin

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Presidentes Vladimir Putin e Alexander Lukashenko (Belarus) observam exercício militar estratégico no Kremlin - Kremlin (kremlin.ru)

A Rússia testou, neste sábado (19), mísseis balísticos, hipersônicos, de cruzeiro e nucleares. O Kremlin informou que o exercício militar foi realizado sob supervisão direta do presidente Vladimir Putin, que esteve acompanhado de seu homônimo e aliado Alexander Lukashenko, de Belarus (Bielorrússia). 

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O site oficial do governo russo divulgou as imagens dos dois líderes sentados próximos a uma mesa redonda, em uma sala do Kremlin, em frente a telas que mostravam os comandantes militares durante o exercício. 

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reforçou que "tais testes são impossíveis [de ocorrer] sem o chefe de estado".

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De acordo com o Ministério da Defesa da Rússia, a ação envolveu quase todos os braços das forças armadas, incluindo as forças estratégicas de mísseis, bem como as frotas do Mar Negro e do Norte, que possuem submarinos com armamento nuclear.

O ensaio militar ocorre no momento em que o conflito na Ucrânia se intensificou, após o início das mobilizações massivas da população na região de Donbass, após os bombardeios registrados na região lançados pela força aérea ucraniana, segundo denúncias das autodeclaradas repúblicas autônomas. Donbass, no leste da Ucrânia, é um território de maioria russa onde situam-se duas importantes cidades separatistas: Donetsk e Lugansk.

Separatistas pró-Rússia ordenam mobilização 

Os líderes separatistas de Donbass ordenaram mobilização militar total neste sábado (19/02). Em uma mensagem de vídeo, o líder da chamada República Popular de Donetsk, Denis Pushilin, disse que pediu aos compatriotas que estão na reserva que "venham aos comissariados militares. Hoje, assinei um decreto de mobilização geral".

Cerca de 25.000 civis de Lugansk entraram na Rússia fugindo do bombardeio que as autoridades atribuem a Kiev, segundo o Ministério de Situações de Emergência da autoproclamada República Popular. As autoridades de Donetsk dizem que prenderam um agente de inteligência ucraniano envolvido na explosão do carro do chefe de polícia local.

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O governo ucraniano, por sua vez, nega que tenha atacado posições na região de Donbass enquanto os separatistas iniciavam um plano de evacuação.

Por outro lado, guardas de fronteira na região russa de Rostov detectaram a queda de dois projéteis em território russo, segundo um porta-voz do Departamento de Fronteiras do Serviço Federal de Segurança (FSB, na sigla em russo) para a região.

Uma das bombas explodiu a dois quilômetros da fronteira russo-ucraniana, no distrito de Tarasovski. Outra granada destruiu um prédio localizado no território de uma casa particular na aldeia de Manotski, no distrito de Tarasovski. 

Líderes do Ocidente debatem crise em Munique

Enquanto a Rússia testava armamentos na manhã deste sábado, líderes ocidentais reuniram-se na Alemanha para a Conferência de Segurança de Munique, que ocorre anualmente.

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O secretário-geral da Otan, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, Jens Stoltenberg, afirmou que a Rússia deveria evitar um "conflito devastador na Ucrânia". Ele observou que o "risco de conflito é real" pelo fato de a Rússia acumular militares e munição em regiões próximas à fronteira com a Ucrânia, o que os russos têm negado repetidamente.

"Nunca é tarde para a Rússia mudar de rumo, se afastar da crise, parar de se preparar para a guerra e começar a trabalhar para uma resolução pacífica", afirmou.

Em seu discurso, Stoltenberg disse que o Ocidente "sempre fará o necessário para se proteger e defender uns aos outros". Ainda de acordo com o secretário-geral da Otan, "Moscou está tentando reverter a história e recriar suas esferas de influência. Portanto, se o Kremlin pretende ter menos [presença da] Otan em suas fronteiras, só terá mais [presença da] Otan", disse, referindo-se a um possível conflito com a Ucrânia.

*Com informações da Telesur e DW. 

 

Edição: Douglas Matos