Distrito Federal

Negacionismo

Alunos de escola do DF protestam contra professor que comparou máscara a focinheira 

De acordo com os estudantes, professor promove manifestações negacionistas e dissemina desinformação em sala de aula

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Colégio Elefante Branco tem mais 60 anos e foi fundado praticamente junto com a inauguração de Brasília, sendo um dos mais tradicionais da cidade - Marcello Casal/Agência Brasil

Alunos do Centro de Ensino Médio Elefante Branco (Cemeb), um dos colégios públicos mais tradicionais de Brasília, realizaram um protesto, na manhã desta segunda-feira (21), contra atitudes reiteradas de um professor de História que estaria pregando contra o uso de máscaras em sala de aula e aplicando conteúdos que não correspondem ao currículo escolar da matéria.

O ato foi organizado pelo Grêmio Estudantil Honestino Guimarães e transmitido pelas redes sociais. Portando cartazes e gritando palavras de ordem, os estudantes percorreram os principais corredores e os pátios do colégio. 

"A pandemia não acabou, a focinheira nos salvou", verbalizada em coro pelos alunos fazia referência a declarações do próprio professor em sala de aula, totalmente contrárias ao uso de máscara de proteção facial contra a covid-19, sabidamente uma das formas mais eficazes de prevenção do contágio. 

Na carta de repúdio em que convocam para o ato, os estudantes detalham os acontecimentos, que teriam ocorrido em todas as turmas que o professor dá aula ao longo da semana passada, entre os dias 14 e 18 de fevereiro.

"O professor de História do segundo ano se recusa a passar a explicação oral por ter que usar a máscara, uma das formas de diminuir o contágio da Covid-19, que o mesmo chama de 'focinheira'. Vale ressaltar que estamos em meio à uma crescente na pandemia. O mesmo professor manifesta ideologia que nega a ciência e passa documentários de um canal chamado 'Brasil Paralelo', canal reprovado por várias pessoas da área da ciência".

A produtora Brasil Paralelo, do Rio Grande do Sul, é conhecida pela produção de supostos filmes documentários que promovem revisionismo histórico por meio de teses rechaçadas por cientistas e especialistas. Um desses filmes, por exemplo, nega o desmatamento de áreas florestais e distorce questões indígenas, sem qualquer tipo de contraponto.

"A grande questão é: o documentário distorce dados relativos ao desmatamento, nega fatos como as mudanças climáticas desenfreadas, afirma que os índios praticam infanticídio e, resumindo, quase tudo que é defendido nessa produção audiovisual é, comprovadamente, mentira. E quando surgira a discórdia entre alunos e professor, no momento em que um dos alunos resolveu questioná-lo, o dito cujo educador vozeou: 'Calado!'; 'Abaixa a bola'; 'Na minha sala, você não tem direito de falar'. E isso ocorreu em quase todas as turmas", relata Ruan Rousseau Ferreira Silva, aluno do colégio e vice-presidente Grêmio Estudantil. 

Sobre o uso de máscaras, os alunos teriam ouvido da boca do professor, de forma reiterada, frases como: "não vou me comunicar oralmente, não consigo falar com essa bosta de máscara" e "a gente não consegue nem falar com essa "focinheira" que nos obrigam a usar".

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O nome do professor alvo dos protestos não foi revelado pelos estudantes nem pela escola. Procurada, a gestão do Cemeb informou que não vai se pronunciar sobre o caso, que seria tratado internamente pela diretoria.

"É de suma importância frisar que esse tipo de situação não é algo vigente. Desde 2015 alunos do Cemeb registram Atas e desde já o corpo docente suspende, pune e alerta o professor, todavia, a postura não muda. Os alunos, em uma semana de aula, já decidiram que não tolerariam isso. Contando com o apoio do Grêmio Estudantil Honestino Guimarães, os alunos resolveram protestar e manifestar sua indignação", aponta Ruan Rousseau.

Além da pregação contra a máscara e promoção de conteúdos negacionistas, os alunos reclamam de que o professor não tem passado o conteúdo da matéria que é cobrado em processos seletivos, como o PAS, da Universidade de Brasília (UnB). A principal reivindicação dos estudantes é que o docente seja substituído do colégio.

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Edição: Flávia Quirino