Tensão global

China diz que "Taiwan não é Ucrânia" e sanciona empresas dos EUA por venderem armas à ilha

Chancelaria chinesa e Taiwan reagem aos últimos acontecimentos envolvendo Ucrânia e Rússia

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China - Greg Baker / AFP

Enquanto a crise envolvendo Rússia e Ucrânia aumenta, China e Taiwan entram em um debate sobre as implicações da disputa territorial no leste europeu no confronto local. Nesse contexto, Pequim fez um movimento e anunciou sanções a duas empresas de defesa dos Estados Unidos, a Lockheed Martin e a Raytheon, por venderem cerca de US$ 100 milhões, cerca de R$ 501 milhões, em armas para Taiwan.

"A China anunciou essas sanções em um esforço para salvaguardar a soberania e os interesses de segurança da China. Mais uma vez, pedimos ao governo dos EUA que pare com essas provocações e permaneça comprometido com o princípio de Uma China", afirmou nesta quarta (23) Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.

Do leste europeu aos Mares da China

Já Hua Chunying, também porta-voz de Relações Exteriores do governo chinês, foi mais clara nas barreiras que quer levantar. "Taiwan não é a Ucrânia, Taiwan sempre foi uma parte inalienável da China, e este é um fato histórico e legal indiscutível", afirmou também nesta quarta (23). 

Isso porque considera Taiwan parte do território chinês, enquanto a autoridade da ilha de 23 milhões de pessoas considera ser independente.

O presidente da China Xi Jinping já afirmou que apoiar a independência de Taipei é "brincar com fogo", e que "medidas decisivas" serão tomadas se "forças pró-independência de Taiwan" cruzarem uma "linha vermelha". 

Por outro lado, nesta quarta-feira, a presidenta de Taiwan, Tsai Ing-wen, criticou a decisão da Rússia de enviar "forças de paz" para áreas separatistas na Ucrânia.

"Nosso governo condena a violação da soberania da Ucrânia pela Rússia... e insta todas as partes a continuarem a resolver as disputas por meios pacíficos e racionais", afirmou Tsai.

Após cúpula entre Xi e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, no início de fevereiro em Pequim, os dois países publicaram nota conjunta com críticas aos EUA, fortalecendo a sua parceria e destacando que Moscou "confirma que Taiwan é uma parte inalienável da China" e se opõe a "qualquer forma de independência" da ilha.

Edição: Arturo Hartmann