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INDÍGENAS

Conheça a história e a luta por território dos indígenas Kapinawá do Vale do Catimbau (PE)

Após anos de enfrentamento a fazendeiros e posseiros, indígenas ainda lutam contra desmatamento e invasões territoriais

23.fev.2022 às 09h51
Petrolina (PE)
Iyale Tahyrine e Julia Vasconcelos

O povo Kapinawá se reconhece como “a rama nova", descendentes diretos de indígenas que foram aldeados na Serra do Macaco ainda no século XVIII - Foto: Renato Santana/Cimi

Em mais uma edição do programa Prosa e Fato, o Brasil de Fato Pernambuco segue se debruçando sobre a história, as lutas e a cultura dos povos indígenas do estado. Dessa vez, convida a todos a conhecer os Kapinawá, no Vale do Catimbau, entre o Agreste e o Sertão de Pernambuco. 

Até o começo dos anos 80, os Kapinawá não eram reconhecidos oficialmente como indígenas. Ocupavam de forma livre e tradicional as terras que se estendem entre os municípios de Buíque, Tupanatinga e Ibimirim. 

Sua história é marcada pela luta pelo território e a perseguição por parte dos latifundiários da região. Quem conta mais é Sandra Jucá, professora Kapinawá e integrante do grupo de jovens chamado Sambaruá. Confira os principais trechos da entrevista: 

O “corte dos arames” 

A professora conta que, por serem terras produtivas e ricas em água, o território habitado pelos Kapinawá sempre atraiu muita atenção dos fazendeiros e posseiros. Os indígenas tiveram que enfrentar os latifundiários para terem seu espaço legalizado. "O pessoal se reuniu e teve todo aquele processo do corte de arame, que era para chamar a atenção da FUNAI para legalizar o território", relembra. 

O “corte dos arames” remete a um período em que os Kapinawá tiveram que resistir às sucessivas invasões no seu território. Os fazendeiros cercavam as terras do povo com arame farpado, e os indígenas cortavam e queimavam as cercas. 

Em 1998 a terra indígena foi homologada. No entanto, diversas famílias ficaram de fora do perímetro. Assim, os indígenas reivindicam até hoje um novo estudo sobre a terra para incluir quem ficou de fora. "Eles não demarcaram pelo local certo, por onde está documentado. Foi demarcado de acordo com o que eles queriam. Menos da metade do território", conta Sandra Jucá, que faz parte da Aldeia Malhador, uma das aldeias que ficaram de fora da demarcação. 

Para ela, algo muito importante é manter viva a história dos Kapinawá e repassá-la para os jovens, para que eles participem na luta pela permanência no território. "Contamos as histórias para eles, mas eles também vivenciam a nova história de agora. Eu tenho acompanhado, meus filhos têm acompanhado e acredito que meus netos também vão. Essas lutas não param", afirma. 

Reafirmação da identidade


Sandra Jucá afirma não falar em "resgate", porque nada foi perdido, mas sim de "apropriação", pois retoma o que já era parte do povo Kapinawá / Renato Santana/Cimi

No processo de regularização do território por parte da Funai, os Kapinawá tiveram que passar por um processo de reafirmação da identidade indígena, já que até 1980 ainda não eram reconhecidos oficialmente. 

Sandra fala que foi necessário passar por um processo de apropriação daquilo que já era do seu povo. "As pessoas tinham muito medo de se autoafirmar indígenas. Mas dentro da aldeia, escondidos, continuavam os ritos, apesar das perseguições". Ela conta que a única coisa perdida com o tempo foi a língua materna, mas as demais práticas, mesmo sendo proibidas, eram seguidas: dançar o toré, fazer os rituais e louvar aos encantos. 

"As pessoas não podiam se apresentar como indígena em nenhum local da cidade, falavam que eram caboclos, mas não indígenas", conta. No entanto, o contexto atualmente é outro. "A população Kapinawá tem orgulho em dizer que é Kapinawá, não esconde mais sua identidade", enfatiza. 

Invasões de terra

Segundo o Relatório Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil, lançado pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), os casos de invasões possessórias, exploração ilegal de recursos e danos ao patrimônio dos povos indígenas aumentaram de 256, em 2019, para 263, em 2020. Mais recentemente, os Kapinawá têm denunciado o desmatamento de uma área do território sagrado Kapinawá, que fica no Parque Nacional do Catimbau, por parte de latifundiários.  

Leia aqui: Indígenas Kapinawá denunciam desmatamento no Parque Nacional do Catimbau


A região desmatada abrange uma área do território sagrado Kapinawá, que se sobrepõe ao Parque Nacional do Catimbau, o segundo maior parque arqueológico do Brasil / Foto: Ronaldo Kapinawá

Sandra relembra quando começaram boatos de que um comprador havia adquirido um terreno e que iria cercá-lo. Ela conta que existia um local que, de fato, era área livre e não tinha dono. No entanto, o comprador já estava adentrando mais de 2km do território que não pertencia ao que comprou. 

"Com tudo isso, ele acabou fechando uma estrada que é centenária, que é a que liga os municípios de Arcoverde a Ibimirim. E não teve diálogo com ninguém”, conta. Na época, indígenas tentaram ir ao local para conversar, mas o proprietário afirmou que só receberia advogados. 

O tempo passou e o proprietário continuou a adentrar o território. Até que os Kapinawá se reuniram e foram parar os maquinários. O gerente da fazenda admitiu o erro e os serviços pararam. "Após isso, o IBAMA foi e multou. Não sei em quanto, mas multou, e eles pararam", afirma a professora. 

O sagrado para os Kapinawá


Furna Mina Grande / Foto Elisabeth Leal/Divulgação

A representação do sagrado para os Kapinawá é feita principalmente através das "furnas", que são espécies de cavernas em que os rituais acontecem. Sandra conta que são nessas furnas onde estão os encantados. "A maioria das Furnas tem letreiros, que uns chamam de pintura rupestre, que são vestígios dos nossos mais velhos, pessoas que lutaram, por isso os Kapinawá dão tanto valor e agregam valor sentimental e espiritual nas cavernas", afirma. 

Os rituais são feitos dentro e fora das Furnas, nos terreiros e nas matas. "O sagrado para nós está em tudo. Está na terra, no ar, no vento que sopra, em um pássaro que canta", é o que defende Sandra. 

A força do canto 


Há uma série de cações ouvidas nos rituais de Toré e canções religiosas, chamadas "benditos" e "sambas de coco" para os Kapinawá / Renato Santana/Cimi

Para finalizar a entrevista, a professora Kapinawá compartilha a importância da música para os Kapinawá. Ela afirma ser uma forma de se comunicar com os encantados, pedir proteção, força, auxílio e também agradecer. "Sem o canto, não se tem o toré, não se chama os encantados, assim com tanta força. A gente também pode chamar os encantados em silêncio, mas quando nos unimos, várias vozes, os encantos vem". 

Quando perguntamos sobre algum canto especial para ela, Sandra canta mesmo sem o chacoalhar do maracá, instrumento que acompanha os indígenas na hora de cantar. Com tranquilidade, relembra a passagem do eterno cacique Kapinawá para o encantamento. “Estava em cima da serra, do outro lado de lá, estava em cima da serra, do outro lado de lá… O nosso cacique invisível agora mandou nos chamar, para dançar um toré no tronco do Juremá. Dizem que o índio é unido, vocês podem acreditar”, entoa. 

Para ouvir a entrevista na íntegra, ouça aqui. 

Editado por: Vanessa Gonzaga
Tags: cimiindígenaspernambuco
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