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"Somos solidários à Rússia": bolsonaristas negam que frase foi dita, mas ela ocorreu; assista

Vídeo mostra momento exato em que Bolsonaro proferiu a declaração direcionada a Vladimir Putin

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Apoiadores do presidente desinformam ao negar declaração de solidariedade; na foto, os dois presidentes em 16 de fevereiro - Alan Santos/PR

Os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) estão compartilhando, na manhã desta quinta-feira (24), uma informação falsa dizendo que a declaração do chefe do Executivo sobre "solidariedade à Rússia" durante visita diplomática ao presidente russo Vladimir Putin não teria ocorrido.

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No entanto, a frase foi dita por Bolsonaro ao lado de Putin na reunião entre eles, diante da imprensa. Um vídeo mostra o exato momento em que o brasileiro deu a declaração: "Somos solidários à Rússia", afirmou.

O presidente está sendo duramente criticado pela frase depois que, em discurso divulgado na madrugada desta quinta-feira (24), Putin anunciou uma “operação militar especial” na região de Donbass, no leste da Ucrânia.

Assista ao vídeo (a partir dos 8 segundos):

Como forma de tentar confundir, os bolsonaristas selecionaram uma outra declaração feita por Bolsonaro na visita à Rússia em que ele fala sobre "solidariedade". Neste momento, contudo, ele não cita a Rússia.

"Somos solidários a todos aqueles países que querem e que se empenham pela paz”, disse o brasileiro, nesta outra ocasião. 

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O fato foi usado por uma apoiadora do presidente identificada como Elisa Brom para afirmar que é "inacreditável a canalhice e desonestidade de parte dos 'jornalistas' brasileiros".

Apenas na conta de Elisa Brom no Twitter, o vídeo já tem mais de 10 mil visualizações. A peça que desinforma a respeito das declarações do presidente foi publicada às 10h20 desta quinta.

Putin inicia operação militar

No discurso divulgado na madrugada desta quinta-feira (24), Putin afirmou que o objetivo da operação na Ucrânia é defender um povo submetido a oito anos de "genocídio pelo regime de Kiev". A declaração faz referência ao período iniciado com os protestos na Ucrânia que derrubaram o então presidente Viktor Yanukovych, em 2014.

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"As circunstâncias nos obrigam a tomar medidas decisivas e imediatas. As repúblicas populares de Donbass pediram ajuda à Rússia. A este respeito, de acordo com o artigo 51, parte sete da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU), com a sanção do Conselho da Federação e em cumprimento de tratados de amizade e assistência mútua com a RPD e a RPL, ratificados pela Assembleia Federal, decidi realizar uma operação militar especial", disse o presidente russo.

A área é controlada por separatistas, que Putin reconheceu como independentes nesta semana. Donbass, no leste da Ucrânia, é um território de maioria russa onde situam-se duas importantes cidades separatistas: Donetsk e Lugansk. “Os confrontos entre forças ucranianas e russas é inevitável, é apenas uma questão de tempo”, declarou o líder russo.

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O presidente russo recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. Em resposta a uma fala do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, de que Kiev pode reconsiderar o status não nuclear do país, Putin também afirmou que a Rússia não permitirá que isso ocorra.

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"Os países líderes da Organização do Tratatado do Atlânico Norte (OTAN) perseguem seus próprios objetivos apoiando totalmente os nazistas e neonazistas extremistas da Ucrânia, que, por sua vez, nunca perdoarão as pessoas da Crimeia e de Sebastopol por sua livre escolha de se reunificarem à Rússia", disse Putin.

Ucrânia cita 'invasão' russa 

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, afirmou que a ação russa "é de larga escala". "As cidades pacíficas ucranianas estão sob ataque e essa é um guerra. A Ucrânia se defenderá e vencerá: o mundo pode e deve parar Putin e o momento de agir é agora", pontuou.

A Ucrânia fechou o espaço aéreo para voos civis nesta quinta. O governo cita alto risco à segurança depois de ataques da Rússia a territórios ucranianos. O regulador de aviação da Europa alertou sobre perigos de voar em áreas de fronteiras com a Rússia e a Bielorrússia

Edição: Vivian Virissimo