Embate na ONU

No Conselho de Segurança, EUA apontam para uma quase "catástrofe nuclear"; Rússia nega ataque

Rússia diz ser vítima de "campanha de desinformação" e afirma que conflito em usina nuclear foi resultado de sabotadores

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Conselho de Segurança da ONU - Spencer Platt / Getty Images via AFP

A embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU), Linda Thomas-Greenfield, pediu em reunião do Conselho de Segurança nesta sexta-feira (4) que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pare com a "loucura" da invasão da Ucrânia e garantias de que novos conflitos não serão registrados nas usinas nucleares do país do leste europeu.

Conflitos entre tropas ucranianas e russas aconteceram na usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa. As autoridades ucranianas afirmam que a Rússia tomou controle da usina nuclear e que Moscou pratica "terror nuclear". Antes deste conflito, a Rússia também tomou Chernobyl, cidade que foi palco de um acidente nuclear em 1986.

"Pela graça de Deus, o mundo evitou por pouco uma catástrofe nuclear na última noite", disse Thomas-Greenfield. A representante diplomática dos EUA ainda classificou o incidente em Zaporizhzhia como "inconsequente e perigoso" e pediu que as tropas russas deixem a Ucrânia.

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIE), Rafel Grossi, participou do Conselho de Segurança por videoconferência enquanto viajava de avião para acompanhar as negociações do acordo nuclear iraniano e afirmou que os reatores de Zaporizhzhia estão seguros.

Grossi afirmou ter confirmado que os níveis de radiação no local estão seguros após conversa com autoridades ucranianas e os operadores da usina. Ainda assim, o diretor-geral da AIE ressaltou que a situação é "extremamente tensa".

Grossi destacou que pode conversar com ucranianos e russos e visitar Chernobyl assim que possível, e que o noticiário demonstra que instalações nucleares da Ucrânia estão "sob risco de danos e acidentes".

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Rússia diz ser vítima de desinformação

Vassily Nebenzia, embaixador da Rússia na ONU, disse que os militares de seu país controlam a usina nuclear de Zaporizhzhia desde 28 de fevereiro após uma "negociação com a administração da usina" e que a Ucrânia e seus "aliados ocidentais" tentam "fomentar uma histeria artificial".

Nebenzia afirma que há pessoal qualificado para administração nuclear em Zaporizhzhia e Chernobyl.

O diplomata russo afirma que os conflitos que foram registrados foram causados por "sabotadores ucranianos" que teriam atacados tropas russas que faziam a segurança do local e que a usina segue operando normalmente.

China e Brasil pedem moderação

O embaixador chinês na ONU, Zhang Jun, ressaltou a importância de uma solução diplomática que "acomode os interesses legítimos das duas partes e contribua com uma segurança duradoura na Europa".

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Zhang elogiou o acordo entre russos e ucranianos que permitiu a formação de um corredor humanitário para que civis deixam as áreas de conflito e pediu "racionalidade" da comunidade internacional para evitar "mais mortes de civis".

Já o representante brasileiro, Ronaldo Costa Filho, afirmou que os tiros na usina nuclear de Zaporizhzhia são "mais um motivo para a comunidade internacional pedir energicamente pelo fim das hostilidades na Ucrânia". Além disso, defendeu um cessar-fogo.

"O Brasil pede que todas as partes se abstenham de quaisquer ações ou medidas que possam prejudicar a segurança de material nuclear, assim como a operação de segurança de todas as instalações nucleares da Ucrânia", destacou o embaixador brasileiro.

Edição: Arturo Hartmann