NOVO ACORDO?

Ucrânia anuncia terceira rodada de negociações para segunda (7); Rússia não se pronunciou

Encontro ocorre após primeira tentativa de cessar-fogo parcial falhar; Putin condenou a intensificação das sanções

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Confronto volta a registrar bombardeios após tentativa de cessar-fogo - Aris Messinis / AFP

A Ucrânia anunciou, neste sábado (5), uma terceira rodada de negociações com a Rússia para tentar colocar fim ao conflito com o país vizinho. Quem informou sobre a provável realização deste encontro foi o negociador ucraniano David Arakhamiya, em uma postagem nas redes sociais. Ele não trouxe mais detalhes.

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A Rússia, por sua vez, até o momento não se manifestou sobre este encontro. Outros veículos internacionais também revelam que o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, colocou a reunião como uma exigência ucraniana, após encontro com o secretário de Estado dos EUA, Athony Blinken. 

Caso se confirme esta agenda entre os dois países, será a terceira tentativa de construir uma trégua no conflito, que já dura dez dias. Segundo dados divulgados pela Organização da Nações Unidades (ONU), o conflito já deixou, até sexta-feira (4), 351 civis mortos e 701 feridos. Aproximadamente, 1,2 milhão de pessoas fugiram da Ucrânia por causa da guerra.

Sem cessar-fogo

Neste sábado, autoridades locais ucranianas acusaram a Rússia de não respeitar o cessar-fogo parcial combinado, que teria duração de cinco horas. A pausa no conflito nesta região do país havia sido acordada em reunião na última quinta-feira (3).

As cidades Mariupol e Volnovakha cancelaram a evacuação dos civis por um corredor humanitário, denunciando a permanência dos bombardeios.

Por sua vez, autoridades russas declararam  que as forças ucranianas estavam se aproveitando da trégua para se reposicionar e estavam efetuando ataques contra militares da Rússia. Após a falta de consenso sobre o cessar-fogo, as forças russas retomaram os ataques contra Mariupol.

Putin acusa

O presidente Vladimir Putin disse neste sábado (5) que as sanções ocidentais à Rússia funcionam como um ataque de guerra e alertou que a adesão da Ucrânia à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) coloca o mundo em risco. 

"Começaram a falar mais ativamente sobre a Ucrânia ser aceita na Otan. Vocês entendem ao que poderia levar isso? E pode levar ainda agora? Se é membro da Otan, então, em conformidade com o tratado fundador desta organização, todos os outros membros da Aliança devem apoiar esse país em caso de um conflito militar", declarou o presidente. 

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Putin também voltou a falar da natureza da operação militar no país vizinho e alertou que qualquer introdução de zona de exclusão aérea na Ucrânia por qualquer país "será considerado por nós como participação do conflito armado pelo país a partir de cujo território fossem criadas ameaças para nossos militares", completou o presidente russo. 

A companhia aérea russa Aeroflot anunciou que suspenderá os voos internacionais a partir do dia 8 de Março, em reação às sanções ocidentais. Apenas a Bielorússia fica de fora desta suspensão das atividades. 

Petróleo russo tem cheiro de sangue

Pelo lado ucraniano, neste sábado o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba concedeu uma entrevista. A autoridade pediu aos países da comunidade internacional que continuem aplicando sanções contra a Rússia, sobretudo econômicas.

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“Pedimos uma nova rodada de sanções contra Rússia. Queremos todos os bancos os excluídos [do sistema internacional], é preciso interromper a compra de petróleo russo. O petróleo russo tem cheiro de sangue: o ucraniano. Vemos que muitas multinacionais saíram da Rússia, eu elogio essas decisões. Peço para que todas as empresas parem de investir na Rússia”, disse Kuleba

O presidente Volodimir Zelenskiy também se pronunciou no sábado. Zelenskiy agradeceu a mobilização da população local que está protestando e pediu que siga assim. "Eu admiro cada ucraniano e ucraniana que esta protestando contra o exército russo. (...) Quem pode defender a cidade, tem que continuar na luta. Se todo mundo sair, de quem vai ser a cidade".

Protestos

Este sábado (5) também foi marcado por manifestações em vários lugares do mundo contra a guerra. Chile, Israel, França, Estados Unidos, Letônia e Itália registraram atos.

Edição: Lucas Weber