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Coluna

Liberação de jogos de azar faz mal à saúde

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Problemas vão desde o vício no jogo em si a outros relacionados como tabagismo, consumo de álcool e outros transtornos de saúde mental - PFRJ
O conjunto de problemas que estão relacionados a esta aprovação situa-se em diversos campos da saúde

É com bastante preocupação que acompanhei, ainda em fevereiro, na Câmara dos Deputados, a aprovação do projeto de lei que legaliza jogos de azar em nosso país, como cassinos, bingos, jogo do bicho e apostas esportivas. O projeto de Lei é o 442/91 e recebeu parecer favorável do deputado pernambucano Felipe Carreras antes de ir ao plenário. O projeto teve 246 votos de deputados, enquanto 202 se posicionaram contrários.

Dentro das minhas preocupações posso elencar questões que estão diretamente ligadas a aspectos da saúde, que é minha área de atuação profissional, e questões outras. Sobre estas, ressalto que é difícil encontrar posições que tragam boa base científica que comprovem que os benefícios da medida superem os seus malefícios. Até o aumento da arrecadação de impostos, tão ressaltado pelos defensores da proposta, é questionado com muitas ressalvas mundo afora sobre o real incremento deste benefício.

Entretanto, o que quero falar mesmo é acerca dos tantos malefícios para a saúde que potencialmente podem nos atingir enquanto população. Fiz uma pesquisa em bases de dados especializadas e posso afirmar que é quase unânime, em artigos e pesquisas científicas, a correlação negativa entre a liberação dos jogos de azar e a saúde da população. Inclusive, considerando estudos em países ditos desenvolvidos ou em desenvolvimento.

O conjunto de problemas que estão relacionados a esta aprovação situa-se em diversos campos da saúde humana. Tais problemas vão desde o que é chamado de jogo patológico propriamente dito, que é o vício no jogo em si, a outros problemas que se apresentam diretamente relacionados como tabagismo, consumo de álcool e outros transtornos de saúde mental. Além disso, vale o destaque que estas pesquisas mostram que tais condições podem atingir tanto jovens quanto idosos.

O projeto deverá ainda ser discutido e votado no Senado Federal, antes de ser enviado para sanção ou não do Presidente da República. Vi uma declaração de Bolsonaro comentando que vetaria o projeto, o que não parece ser nada mais que a velha encenação de sempre: veta, para que o congresso possa reverter o veto e assim ter o projeto aprovado em definitivo, afinal, quem está bancando o projeto de lei é o mesmo "centrão" que hoje mantém a sustentação do governo federal. 

É importante neste momento pressionar o Senado para que não tenhamos mais esta aberração em nosso país. 

Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato Pernambuco.

Edição: Vanessa Gonzaga