RESGATE POPULAR

Gabriel Boric saúda estátua de Allende e promete novo governo do povo no Chile; assista

No primeiro discurso, diante de uma multidão, presidente defendeu minorias, participação popular e justiça social

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
No primeiro dia como presidente, Boric acena para continuidade da luta pelas causas sociais e saúda estátua de Salvador Allende - Reprodução

O primeiro discurso do advogado Gabriel Boric como presidente do Chile foi tomado por referências à figura histórica de Salvador Allende, ex-presidente do país, morto durante o golpe militar em 1973. Enquanto se dirigia ao Palácio de La Moneda, sede da Presidência chilena, Boric quebrou o protocolo, saiu do tapete vermelho e saudou a estátua de Allende que fica em frente ao local.

Acompanhado por palmas da multidão, o gesto é carregado de simbolismo. Na década de 1970, o socialista Allende tentou implementar um governo com bases sociais, reforma agrária e justiça social. Foi tirado do poder com apoio dos Estados Unidos e morreu em seu gabinete, dentro do Palácio de La Moneda.

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Em seu discurso, o novo presidente reiterou o legado do ex-presidente. "Como Salvador Allende previu há quase 50 anos, somos novamente, compatriotas, abrindo as grandes avenidas por onde passam homens livres, homens e mulheres livres, para construir uma sociedade melhor".

Na fala ao povo chileno, Boric também relembrou a violência do golpe. “Esses muros testemunharam o horror de um passado de violência e opressão que não esquecemos e não esqueceremos. De onde falamos hoje, os foguetes entraram ontem e isso nunca poderá se repetir em nossa história”.

O novo presidente do Chile afirmou que começa um desafio de grandes responsabilidades, citou conquistas de gestões anteriores e disse que fará um governo para o povo, "este palácio, esta praça, esta cidade, este país têm uma história. Não vai ser neste governo o fim desta marcha, seguiremos caminhando." 

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Boric prometeu justiça social para trabalhadores e trabalhadoras, empenho para solucionar conflitos que atingem povos originários, atenção a pautas das minorias e questões migratórias e reformas na economia, na previdência e na educação.

Ele foi incisivo ao defender os direitos dos povos indígenas e disse que vai retirar as forças armadas dos territórios, "não é o conflito mapuche, é o conflito entre o Estado chileno e um povo que tem o direito de existir. E aí a solução não é e não será a violência."

O Chile passa por um processo de reforma da Constituição, elaborada na ditadura do general Augusto Pinochet. Nos primeiros meses da gestão de Boric, o tema deve se manter entre as pautas prioritárias do país. 

“Precisamos de uma Constituição que seja para o presente e para o futuro, uma Constituição que seja para todos e não para poucos”, afirmou.

Edição: Douglas Matos