Guerra

Kiev impõe toque de recolher enquanto as negociações recomeçam

Medida deve vigorar entre 20h (horário local) desta terça e 7h da próxima quinta-feira

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Militares da Ucrânia protegem quarteirão na capital Kiev - Sergei Supinsky / AFP

A prefeitura de Kiev, capital da Ucrânia, vai impor um toque de recolher de 35 horas a partir da noite desta terça-feira (15/03) por conta da intensificação dos ataques da Rússia contra a cidade.

Vitali Klitschko, prefeito da cidade, afirmou que a capital vive um "momento difícil e perigoso". "Por isso, peço que todos os habitantes de Kiev se preparem para ficar em casa por dois dias ou, se soarem as sirenes, nos refúgios", afirmou.

O toque de recolher deve vigorar entre 20h (15h em Brasília) desta terça e 7h da próxima quinta-feira (17/03). "Mover-se pela cidade sem autorização será proibido. Será permitido apenas sair para os abrigos", acrescentou o prefeito.

A medida acontece junto com a retomada das negociações entre os dois lados, que agora acontecem por videoconferência, mas que ainda não há sinal de acordo, já que nesta segunda-feira (14/03) as conversas entre Rússia e Ucrânia tiveram uma "pausa técnica" para a realização de discussões "adicionais nos subgrupos de trabalho e esclarecimentos de definições individuais".

O único resultado produzido pelas negociações entre os dois lados até o momento é a criação de corredores humanitários para evacuação de civis, iniciativa que prossegue de forma intermitente desde a semana passada, com recorrentes acusações mútuas de obstruir a retirada da população.

No total, a guerra na Ucrânia já gerou quase três milhões de refugiados, de acordo com as Nações Unidas, sendo que 1,8 milhão de pessoas cruzaram a fronteira com a Polônia. Na semana passada, Klitschko já havia dito que mais da metade da população de Kiev fugira da cidade por causa da ofensiva russa.

Em uma mensagem em vídeo, a vice-premiê da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, disse que, até esta terça, existem nove corredores humanitários concordados com Moscou, incluindo nos arredores de Kiev e em Mariupol, que está cercada pelas forças russas há mais de duas semanas.

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Durante a madrugada desta terça, as forças russas bombardearam um edifício residencial em Kiev, deixando pelo menos dois mortos, e danificaram uma estação de metrô da capital.

A Rússia também reivindicou o controle total da região de Kherson, cuja capital de mesmo nome já havia sido conquistada. Essa região fica no sul da Ucrânia, na costa do Mar Negro, e é estratégica para Moscou bloquear o acesso de Kiev a rotas marítimas.

Kremlin afirma que ofensiva militar está ‘de acordo com o planejado’

O porta-voz da Presidência russa, Dimitry Peskov, afirmou nesta segunda-feira que a operação militar contra a Ucrânia, deflagrada em 24 de fevereiro, está indo “de acordo com o planejado” e será completada “a tempo e na íntegra”. 

A declaração negou que Moscou tenha solicitado assistência militar da China, informação que também foi negada por Pequim. Na ocasião, o porta-voz disse que a Rússia “tem potencial para realizar uma operação na Ucrânia” sozinha. Ele não precisou, no entanto, quando será finalizada.

Peskov também afirmou que o presidente da Rússia Vladimir Putin ordenou, desde o início da operação, que as forças armadas se abstivessem de um ataque imediato às cidades do país vizinho, incluindo a capital Kiev, “a fim de evitar grandes perdas entre a população civil”.

Para refutar as acusações das autoridades ucranianas de que as tropas russas estavam bombardeando de forma indiscriminada as cidades do país, Peskov afirmou que militares russos “estão trabalhando com armas modernas de alta precisão, atingindo apenas instalações militares e de infraestrutura de informação”.

(*) Com Ansa.