DESPEJOS ZERO

Contra despejos e por moradia digna, milhares se manifestam na avenida Paulista, em São Paulo

Manifestações, convocadas pela Campanha Despejo Zero, ocorrem em todo o país nesta quinta (17)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Moradores de ocupações marcham na avenida Paulista contra despejos - Gabriela Moncau/Brasil de Fato

Manifestantes contra despejos e pelo direito à moradia, concentrados inicialmente em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), ocuparam um lado da avenida Paulista na tarde desta quinta-feira (17). Segundo os organizadores, 10 mil pessoas estiveram presentes na mobilização. 

Do Masp, a manifestação marchou até a Sé, no centro da cidade. O destino final foi o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), onde foi entregue um ofício pedindo que os magistrados não determinem despejos durante a pandemia e a realização de uma audiência pública para ampliar a discussão sobre o tema no estado.


Manifestantes chegam ao TJ-SP para entregar ofício ao presidente, Desembargador Ricardo Mair Anafe / Gabriela Moncau/Brasil de Fato

No ofício direcionado ao presidente do tribunal, o desembargador Ricardo Mair Anafe, os manifestantes também solicitam a reativação do Grupo de Apoio a Ordens Judiciais de Reintegração de Posse (GAORP).

Esse grupo atuava no intuito de produzir soluções consensuais para o cumprimento de ordens de reintegração de posse, facilitando a comunicação entre as partes envolvidas e os magistrados do TJ.

"A atuação desse órgão é imprescindível para ao menos minorar os impactos das remoções ocorridas num cenário de crise econômica e sanitária", diz o texto.

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Ana Cristina (esq.) e o filho participam de ato na avenida Paulista / Gabriela Moncau/Brasil de Fato

Mobilização nacional

Convocada pela Campanha Despejo Zero e por diversos movimentos populares, a mobilização, que ocorreu também em outras dezenas de cidades do Brasil, teve como lema “Prorroga STF”, exigindo que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender despejos durante a pandemia, que expira no próximo dia 31 de março, tenha o prazo estendido.

Guivens Sylvestre, imigrante haitiano, morador da ocupação Porto Príncipe com a esposa e duas filhas, participou do ato e destacou que para ter uma vida digna “tem que ter lugar pra morar”.

Na ocupação que Sylvestre vive, moram 250 famílias, a maioria haitiana. Eles estão no local há mais de 1 ano e não têm nenhum outra opção. “Se nos tirarem de lá, vamos dormir onde?, questiona.

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Ana Cristina, integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e moradora da ocupação Belo Paraíso, em Guarulhos, explica que a área já possui uma ordem de despejo. Segundo ela, embora o local estivesse abandonado há 31 anos, depois que a ocupação se instalou, em 2020, há a indicação de que vai ser construída uma área de lazer no terreno.

“Nós estamos querendo ajuda e que o governo possa pensar diferente, pois todo cidadão brasileiro tem direito a moradia digna. O brasileiro só consegue algo através da luta, por isso estamos aqui”, disse Ana Cristina.

Também participaram do ato parlamentares como o vereador Eduardo Suplicy (PT), Guilherme Boulos (PSOL), Juliana Cardoso (PT) e Julio Cezar de Andrade, do quilombo periférico (PSOL). 

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Organizadores

Na capital paulista, convocaram a mobilização o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento Luta Popular, as Brigadas Populares, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a União de Movimentos de Moradia (UMM), a Central de Movimentos Populares (CMP), o Movimento de Lutas em Bairros, Vilas e Favelas (MLB), a Frente de Luta por Moradia (FLM), o Movimentos Unidos pela Habitação (MUHAB), o Movimento Sem Teto do Centro (MSTC), a Ocupação do Ouvidor 63 e a Federação das Associações Comerciais de SP.

Edição: Rebeca Cavalcante