óbitos por covid

Média móvel de casos de covid-19 ainda é muito alta, alerta especialista

Médico fala em "normalização do inaceitável" e recomenda cautela para população

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Queda no número de casos e de óbitos está “desacelerando”, aponta coordenador da Rede Análise Covid-19 - Breno Esaki/Agência Saúde

O Brasil registrou na segunda-feira (21) 97 mortes e 11.110 casos de covid-19, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). A média móvel semanal de óbitos ficou em 293/dia. Assim, esse índice recuou para o mesmo patamar registrado há quase dois meses, após agravamento causado pela variante ômicron. A média móvel de casos ficou em 37.362/dia, ficando abaixo dos 40 mil casos pelo quinto dia consecutivo.

Entretanto, às segundas-feiras os números são menores sempre, em função dos dados represados durante o fim de semana. Já são 657.302 mortes pela covid-19 oficialmente registradas e mais de 29,6 milhões de casos da doença.

Apesar dessa melhora no quadro geral, o cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt, coordenador da Rede Análise Covid-19, destaca que a queda no número de casos e de óbitos está “desacelerando”. Ele afirma, por exemplo, que a média móvel semanal de crescimento de novos casos é maior atualmente do que antes do carnaval. Além disso, a queda na taxa semanal de crescimento óbitos acumulados perdeu força.

“Quando olhamos o movimento da média móvel da taxa de crescimento de casos acumulados, vemos o comportamento de desaceleração, que acontece quando os casos estão próximos do seu piso”, tuitou Schrarstzhaupt. “Dá pra ver muito bem que a descida que vinha acontecendo parou”, ressaltou. O problema é que essa média ainda é “muito alta”, segundo ele.

“Botão da cautela”

Ele comparou a um foguete a recente ascensão de casos e mortes, desde o final do ano passado, causada pela ômicron. A dúvida, segundo o especialista, é se esse foguete “abriu os paraquedas para descer devagar” ou “se ligou novamente os motores preparando para uma subida”.

“Quando chegamos em momentos como esses, onde há essa incerteza e imprevisibilidade, é hora de apertar o botão da cautela”, alertou o especialista. Ao contrário, portanto, de medidas de relaxamento na prevenção que vêm sendo adotadas. Nas últimas semanas, diversas capitais liberaram o uso de máscaras, inclusive em locais fechados, o que pode contribuir para o aumento na transmissão.

Nesse sentido, ele citou os casos do Reino Unido e da Alemanha, que estão vendo a reversão da tendência de queda dos casos, com óbitos que também permanecem em patamares elevados, comparáveis com os do Brasil, apesar do avanço da vacinação nesses países.

Para Schrarstzhaupt, “o que parece que estamos vendo é uma normalização do inaceitável, com essas mortes (que estão ocorrendo principalmente em vulneráveis) sendo normalizadas, como já são as mortes por violência, por exemplo”. Ele destacou que não está prevendo aumento dos casos e óbitos, ou que o Brasil viverá uma nova onda de covid-19. “Estou dizendo que a probabilidade disso, de acordo com os dados, está aumentando”, ressaltou.

Áustria volta com máscaras

As autoridades austríacas parecem já ter apertado o “botão da cautela”. Na última sexta-feira (18), o país voltou a introduzir a obrigatoriedade do uso de máscaras de alta proteção em locais fechados. Foi o primeiro país europeu a instituir novamente o equipamento de proteção. Seu uso havia sido liberado no último dia 5. Há cerca de um mês, no entanto, a Áustria tem registrado aumento contínuo no número de casos de covid. As mortes pela doença também registraram alta nos últimos dias.

De acordo com ministro da Saúde austríaco, Johannes Rauch, o relaxamento das restrições anunciado no início do mês havia levado em conta a redução no número de casos. Porém, ele disse que esse cenário mudou. Afirmou, ainda, que a situação nos hospitais voltou a ser preocupante.