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"Anitta mostra que funkeiro pode criar o que quiser, inclusive reggaeton", diz pesquisadora

Música Envolver chegou a 1º lugar no ranking das mais ouvidas do mundo, segundo a plataforma de música Spotify

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Anitta é a primeira artista da América Latina a alcançar a posição - Reprodução/Youtube

A música Envolver lançada pela cantora Anitta, em novembro de 2021, chegou ao 1º lugar no ranking das mais ouvidas do mundo, segundo a plataforma de música Spotify, nesta sexta-feira (25).

Às 8h a música estava com 6,39 milhões de reproduções, dos quais 4,1 milhões foram no Brasil. Até então, nunca uma música teve tantos plays Spotify no Brasil. A conquista pode ser considerada um feito. É a primeira vez que uma latina alcança a posição.  

A façanha se torna mais notória por ser um reggaeton. O ritmo, guardadas as devidas medidas, pode ser comparado com o funk no Brasil, já que nasceu nas periferias de países da América do Sul e tem um histórico de preconceito não só no mercado de músicas, mas na sociedade como um todo.  

Renata Prado, dançarina, professora de funk, produtora, pesquisadora e Frente Nacional de Mulheres do Funk, afirma que a conquista de Anitta é “extremamente importante para o avanço do movimento funk, porque ainda hoje aqui no Brasil a gente tem uma luta para mostrar que o funk é um movimento cultural que reflete no entretenimento da música, mas que infelizmente enfrenta alguns preconceitos. Ver uma artista como a Anitta ocupando esse espaço é extremamente importante para nós do funk”. 

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Prado afirma que o reggaeton é uma música consumida de maneira expressiva no Brasil, até antes mesmo da Anitta levar o ritmo até a parada global. Nesse sentido, ela acredita que a cantora foi “perspicaz” ao criar um projeto musical como Envolver

“Ela entendeu que indo para esse lado conseguiria atingir todo mundo, porque nem todo mundo ouve funk, mas cantando reggaeton faz com que as pessoas conheçam a artista do funk que ela é, e isso consequentemente reflete positivamente para o funk”, afirma. 

“A Anitta é uma mulher do funk, que está abrindo os olhos para outras vertentes musicais. E isso é importante para as pessoas entenderem que funkeiro pode fazer tudo: funk, samba, rock, reggeaton. É a gente olhar para Ludmila hoje, por exemplo, e ver ela com projeto de pagode. Isso não faz dessas mulheres menos funkeiras. Nós do funk sempre somos limitados a ficar somente dentro da nossa cultura. Esse projeto da Anitta mostra a autonomia do funkeiro de criar o que quiser, inclusive reggaeton”. 

Nas redes sociais foi difícil ver alguém que não estivesse falando sobre Envolver e Anitta nesta sexta-feira (25). Artistas, políticos e perfis de grandes empresas comemoraram a conquista da brasileira. 

Edição: Rebeca Cavalcante