Crise humanitária

Líderes europeus começam a questionar fluxo de refugiados vindos da Ucrânia

Guerra na Ucrânia já forçou a saída de 3,7 milhões de pessoas do país em direção a países vizinhos

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Refugiados ucranianos atravessam a fronteira com a Polônia em 7 de março de 2022 - Louisa Gouliamaki / AFP

Na Dinamarca, Polônia e Reino Unido, começam a surgir declarações de políticos e partidos questionando a receptividade inicial obtida pelos refugiados ucranianos.

“Ser refugiado é temporário, então você tem que voltar e ajudar a construir sua terra natal quando tiver a oportunidade. Isso nos dá a oportunidade de ajudar outros refugiados”, disse a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, no Parlamento durante um debate. 

O país escandinavo aprovou uma lei na semana passada que prevê que os refugiados ucranianos podem ficar no país por dois anos, trabalhar e ter acesso ao sistema de saúde e de educação. Os partidos de esquerda do país criticaram o fato de os refugiados sírios não terem direito aos mesmos benefícios. 

Grupos de direitos humanos da Dinamarca também já afirmaram que os refugiados da Síria são obrigados a retornar ao seu país, ainda que a guerra civil síria não tenha acabado, e têm seus bens apreendidos. Mais de 6,8 milhões de refugiados tiveram que abandonar a Síria por conta dos confrontos no país.

De acordo com o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), 85% dos refugiados do mundo estão em países em desenvolvimento. O país que mais abriga refugiados no mundo é a Turquia, com 3,7 milhões de pessoas.

Polônia

O prefeito da capital polonesa Varsóvia, Rafal Trzaskowski, disse em entrevista ao The Indian Express que a cidade, assim como seu país, atingiu sua capacidade máxima para receber refugiados e não pode abrigar mais pessoas. 

“Para ilustrar a magnitude do problema, quando houve uma crise de refugiados no Mediterrâneo, 200.000 refugiados estavam cruzando para a Europa em um mês. E temos 300.000 em apenas uma cidade", disse Trzaskowski.

Enquanto tenta impedir a entrada de refugiados da Síria e de outros lugares do mundo, a Polônia aprovou uma lei para dar aos ucranianos acesso a direitos educacionais e esquemas de bem-estar social pelos próximos 18 meses.

Reino Unido

Uma lei em discussão no Parlamento britânico prevê uma pena mínima de quatro anos de prisão para quem entrar no país sem “documentos adequados”. A lei também pretende criar centros de processamento para refugiados fora do país e impedir crianças desacompanhadas de entrar no Reino Unido.

O governo do primeiro-ministro Boris Johnson afirma que o "Projeto de Lei de Nacionalidade e Fronteiras" tem como objetivo combater o tráfico de pessoas. A proposta de legislação foi proposta pela primeira vez em maio de 2021 e voltou a movimentar o Parlamento nos últimos dias. 

De acordo com o Acnur, 3.725.806 refugiados já deixaram a Ucrânia. A maior parte destas pessoas, mais de 2,2 milhões, está na Polônia.

* Com informações de Peoples Dispatch.

Edição: Arturo Hartmann