Na cara dura

Dia da Mentira não é só 1º de abril para Bolsonaro: veja 6 vezes em que presidente mentiu

Até agora, em 1.185 dias como presidente, Bolsonaro já deu 5.145 declarações falsas ou distorcidas

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Uma das frases mais repetidas é que em seu governo não há corrupção - Clauber Cleber Caetano/PR

A hashtag #ForaBolsonaro está sendo utilizada nesta sexta-feira, 1º de abril, considerado o Dia da Mentira, para relembrar as falsidades ditas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a sua gestão. A ação nas redes sociais está sendo promovida pela Campanha Nacional Fora Bolsonaro.   

Até agora, em 1.185 dias como presidente, Bolsonaro já deu 5.145 declarações falsas ou distorcidas, segundo o site de checagem Aos Fatos. 

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Relembre algumas das mentiras de Bolsonaro: 

1) Não há mais corrupção no Brasil 

Uma das frases mais repetidas é que em seu governo não há corrupção. “Três anos e três meses em paz nessas questões [corrupção]”, disse o presidente 191 vezes. Frequentemente, funcionários da gestão são alvos de denúncias e investigações sobre casos de corrupção e outros crimes relacionados à administração pública.    

No caso mais recente, o agora ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, é investigado por um suposto esquema corrupção dentro da pasta envolvendo a distribuição de verbas para prefeituras intermediada por pastores.

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Mas, mesmo antes de chegar à Presidência, o nome do capitão reformado esteve envolto em denúncias de corrupção. Enquanto deputado federal, Bolsonaro, seus filhos e aliados foram acusados de praticar a famosa “rachadinha”, empregando funcionários fantasmas que devolviam parte de seus salários para a família. O caso que ganhou maior repercussão envolve Fabrício Queiroz, que fez movimentações bancárias na ordem de R$ 1,2 milhão, incluindo o envio de cheques para a primeira-dama, Michele Bolsonaro.  

No ano passado, os casos que tomaram os veículos de comunicação envolveram o suposto esquema de corrupção na aquisição de vacinas contra a covid-19, que transformou o Ministério da Saúde em um balcão de negócios. Nomes como do ex-ministro Eduardo Pazuello, do ex-secretário-geral da pasta Élcio Franco e do líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), ganharam espaço na mídia. Todos são próximos do presidente Jair Bolsonaro. 

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2) Pandemia seria só uma “gripezinha” 

Durante toda a pandemia, o presidente deu declarações falsas e enganosas sobre a pandemia. Bolsonaro relacionou, inclusive, a doença a uma “gripezinha”, e fez uma campanha contumaz contra o isolamento social, além de propagandear medicamentos comprovadamente ineficazes contra a covid-19 pela ciência. 

Bolsonaro chegou até mesmo a solicitar a eficácia da proxalutamida contra a covid-19. O medicamento, indicado para tratamento de câncer de próstata e de mama, não é aprovado para uso contra o coronavírus em nenhum lugar do mundo. Sem citar fontes, o presidente defendeu que a droga "têm apresentado melhora" em "alguns países". 

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Em abril de 2020, no início da pandemia no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) enviou ao Ministério da Saúde e ao Comitê de Crise para Supervisão e Monitoramento dos Impactos da Covid-19 uma nota informativa desaconselhando o uso de hidroxicloroquina no tratamento para coronavírus. 

Dias antes, o governo brasileiro havia anunciado que a hidroxicloroquina seria liberada para uso em pacientes com a covid-19, desde que apresentassem uma receita assinada por um médico. Em seu site, a Anvisa divulgou uma nota, no dia 31 de março, com as regras para o uso do medicamento. 

Nesta sexta-feira (1º), o Brasil somou 659.757 óbitos em decorrência da covid-19 e quase 30 milhões de infectados, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). 

3) Bolsonaro mente sobre as urnas eletrônicas 

Em diversos momentos, Bolsonaro e seus aliados defenderam que as urnas eletrônicas não são seguras e que, por isso, seria necessário implementar o voto impresso no Brasil. Recentemente, ele afirmou a seus aliados em evento que, nas eleições deste ano, haverá contagem de votos em decorrência da suposta fragilidade do sistema eleitoral brasileiro. 

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Em março de 2020, Bolsonaro disse que as eleições presidenciais brasileiras de 2018 tinham sido fraudadas, com adulteração do resultado do primeiro turno, tirando-lhe a vitória antecipada que teria obtido nos votos. Desde então, ele repete que irá apresentar "muito brevemente" as provas do crime eleitoral que denuncia.  

Mais de um ano depois, ele admitiu que não tem provas sobre suposta fraude, mas não deixou de acusar o sistema de fraudulento. Na ocasião, em junho de 2021, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rebateu as acusações e explicou que a própria urna eletrônica realiza apurações automáticas, em processo público e auditável.  

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4) Para Bolsonaro, Golpe de 64 não existiu 

Bolsonaro também faz a defesa irrestrita do Golpe Militar de 1964, que completa 58 anos entre esta quinta (31) e sexta-feira (1º). O presidente aproveitou o dia para celebrar a data pelo quarto ano seguido em seu governo. 

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“Hoje são 31 de março, o que aconteceu nesse dia? Nada. A história não regista nem um presidente da República tendo perdido seu mandato neste dia”, afirmou Bolsonaro. O golpe destituiu o então presidente João Goulart, que se exilou no Uruguai. No dia 2 de abril, a Presidência foi declarada “vaga” e ocupada, posteriormente, de forma interina, pelo presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli. Na prática, o poder ficou nas mãos dos militares. 

5) Bolsonaro disse que diminuiria o preço da gasolina 

Durante a campanha presidencial, Bolsonaro prometeu que, se eleito, diminuiria o preço dos combustíveis. 

Em março deste ano, entretanto, o preço médio da gasolina ultrapassou os R$ 7 por litro em 24 dos 27 estados brasileiros. O dado consta da primeira pesquisa de preços de combustíveis divulgada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) com valores apurados após a Petrobras reajustar o custo dos produtos vendidos pela estatal a distribuidores. A Petrobras aplicou aumento de quase 19% na gasolina e 25% no diesel produzidos em suas refinarias no último dia 11.  

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A pesquisa de preços mais recente da ANP leva em conta valores apurados em postos de combustíveis entre os dias 13 e 19 de março, ou seja, já após o aumento. De acordo com o levantamento, a gasolina comum só tem preço médio abaixo de R$ 7 no Amapá (R$ 6,279), no Rio Grande do Sul (R$ 6,975) e em São Paulo (R$ 6,867). 

6) Desmatamento na Amazônia 

Em 2021, durante seu discurso na abertura da 76ª Assembleia-Geral da ONU, nos Estados Unidos, Bolsonaro mentiu ao dizer "na Amazônia, houve uma redução de 32% no desmatamento no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior". Segundo estudos da plataforma Imazon, houve aumento de 7% no período. Na média anual, a perda de floresta foi 56,6% maior entre 2019 e 2021 do que no intervalo entre 2016 e 2018.  

No mesmo ano da Assembleia-Geral, o desmatamento na Amazônia bateu recorde. Abril de 2021 foi o pior mês registrado desde 2015, quando iniciou a série histórica do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). Somente neste mês, foi desmatada uma área de 580,55 km², o equivalente a 58 mil campos de futebol. Em relação ao mesmo mês no anterior, os números representaram um aumento de 42%. 

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Em junho, outro recorde para o mês. O desmatamento atingiu uma área de 1.061,9 km², o pior desde o início da série. Em outubro, mais um recorde: 877 km², o maior nível de desmatamento registrado para o mês desde 2016. A área destruída equivale a mais da metade da superfície do município de São Paulo. Os primeiros seis meses de 2021 registraram, ao todo, uma área desmatada de 3.609,6 km². O número representou um aumento de 17% em relação ao primeiro semestre do ano passado.   

Edição: Vivian Virissimo