Dignidade

Servidores denunciam precarização e abandono de Centro de Assistência Social no DF

Trabalhadores promovem paralisações para reivindicar melhores condições de trabalho

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
A unidade do Creas em São Sebastião foi instalada de forma improvisada em uma sala de 30 metros quadrados, cedida pela Administração Regional da cidade. - Foto: Reprodução Sindisasc

Servidores do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), em São Sebastião, região administrativa do Distrito Federal, denunciam abandono e precarização da unidade instalada em uma sala de 30 metros quadrados, cedida pela Administração Regional.

Inaugurado pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) em julho de 2021, o Centro deveria atender as famílias da região que se encontram em situação de vulnerabilidade. No entanto, segundo o pedagogo Hernany Castro, a instalação foi feita de forma improvisada pelo governo do Distrito Federal, impossibilitando um atendimento digno.

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“O Creas foi aberto em uma saleta da administração regional, contrariando as orientações técnicas da política de assistência social que prevê um equipamento instalado em espaço próprio. Esse é um equipamento que precisa ter a sua independência e autonomia, e o GDF não respeitou essa independência”.

Para Castro, o espaço, além de ferir a prerrogativa administrativa, não oferece a menor dignidade para realizar o atendimento dos usuários.

“São pessoas em situação de violação de direitos, que estão sofrendo violência doméstica, negligência, em situação de rua. Então, dentro desse espaço físico não há nenhuma possibilidade de preservar a intimidade e garantir a privacidade dessas pessoas. Essas pessoas precisam ser acolhidas, escutadas, mas o espaço não permite esse tipo de atuação”, ressalta o servidor.

Paralisação

Para pressionar o governador da cidade, Ibaneis Rocha (MDB), e a Secretaria de Desenvolvimento Social, os servidores paralisaram as atividades pela segunda vez em menos de três meses. A primeira paralisação aconteceu no mês de fevereiro. Sem resposta às demandas dos trabalhadores, nova mobilização foi realizada no dia 4 de abril.

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“As nossas paralisações são ações que visam a tomada de providências pelo governo do Distrito Federal para oferecer melhores condições de trabalho e desse modo garantir dignidade às pessoas que a gente atende” aponta Castro.

Em outubro do ano passado, o Sindicato dos Servidores da Assistência Social e Cultural do GDF (Sindsasc) emitiu uma nota em que denunciava a situação da unidade: “A unidade recém criada não tem sede própria e está instalada precariamente nas dependências da administração regional. Os colegas apontam até mesmo para o risco de desabamento, além da inexistência de móveis suficientes para o trabalho de todos, apesar da equipe ser bastante reduzida”.

Em carta dos servidores ao sindicato, os trabalhadores relatam que estão “literalmente sob o risco de que o teto caia sob nossas cabeças”. Além disso, destacam que na unidade são “7 servidores ao todo, porém, 4 mesas. Se um servidor senta para trabalhar outro precisa levantar”.

Para o pedagogo, a política pública de assistência social no DF está abandonada. “A assistência social é vista de um modo mais eleitoreiro do que, efetivamente, como uma política que garante o direito e protege socialmente as pessoas que estão à margem da sociedade”, conclui.

A reportagem do Brasil de Fato DF entrou em contato com a Secretaria de Desenvolvimento Social para saber o posicionamento da instituição sobre o assunto, mas até o momento da publicação desta matéria não obteve retorno.

Creas

O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) é uma unidade pública da Assistência Social que atende pessoas que vivenciam situações de violações de direitos ou de violências, como por exemplo, por sofrer algum tipo de assédio, de discriminação, de abuso, ou por demandar cuidados em razão da idade ou deficiência.  Além disso, no Creas também é realizada orientação sobre acesso a benefícios e programas da Assistência Social e de outras políticas públicas. 

O Distrito Federal possui 11 Creas organizados por territórios, além do Creas Diversidade voltado especificamente para atender situações de discriminação, por orientação sexual, identidade de gênero, raça, etnia ou religiosidade.

Fonte: BdF Distrito Federal

Edição: Flávia Quirino