Luta por terra

Vinte e seis anos do massacre de Eldorado dos Carajás são lembrados em atos pelo país

Episódio, que se tornou marco na agenda de lutas populares do país, pautou protestos em diferentes estados

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Segundo registros, o judiciário brasileiro nunca havia se deparado com situação análoga ao processo de Eldorados dos Carajás, pela sua complexidade - J.R. Ripper

Diversas mobilizações pelo país relembraram os 26 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, quando 21 trabalhadores rurais foram assassinados no sudeste do Pará, em 17 de abril de 1996, por reivindicarem reforma agrária. A data, lembrada a cada ano ano, se tornou um marco na agenda de lutas populares do país.

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Neste domingo (17), o coletivo “Arte pela Democracia” realizou uma intervenção artística na região central da capital paulista, no Parque Augusta e arredores. A performance, com música, bonecos e leitura de livros, lembrou o massacre dos sem-terra e os seis anos do golpe parlamentar que depôs a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT).

Em outras cidades paulistas também ocorreram atos para lembrar a memória dos trabalhadores mortos. No sábado (16), o bosque Neusa Paviato, localizado no assentamento Mário Lago, em Ribeirão Preto, recebeu 21 mudas de ipê amarelo que simbolizaram os 21 assassinados.

Na mesma data, militantes da reforma agrária se reuniram na ocupação Gercina Mendes, em Mirante do Paranapanema (SP), para um ato simbólico que rememorou o caso de Eldorado dos Carajás. A agenda local contou ainda com atividades infantis e debate sobre o tema.  

Sábado também foi dia de ações em cidades paranaenses. Porecatu, Florestópolis e Centenário do Sul foram palco de uma marcha com partilha de alimentos. A mobilização aglutinou diferentes comunidades para lembrar a morte dos trabalhadores rurais em 1996.


Em Cuba, data foi resgatada com ato simbólico que plantou árvores / MST/Divulgação

Mobilização internacional

A memória dos trabalhadores assassinatos em Carajás também foi relembrada em Cuba, nas cidades de Havana e Bayamo. Nelas, manifestantes plantaram árvores em homenagem e memória dos sem-terra mortos.

A iniciativa integrou as ações da chamada Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, que este ano evoca o lema "Reforma agrária popular: por terra, teto e pão”.


Coletivo de arte tocou músicas para evocar tema da luta por reforma agrária e lembrar os mortos no massacre / Guilherme Gandolfi/ @guifrodu

Agenda

A agenda de mobilizações segue ao longo da semana. Na próxima terça-feira (19), em Salvador (BA), no auditório da Assembleia Legislativa da Bahia, ocorrerá um ato em memória dos trabalhadores vitimados no massacre.

A ação é organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) em parceria com a deputada estadual Fátima Nunes e forças políticas locais. Os participantes irão receber o público que desde o último dia 11 está marchando do município de Feira de Santana (BA) até Salvador para lembrar o tema da reforma agrária.

Edição: Sarah Fernandes