MISOGINIA

Políticos ironizam renúncia de 'Mamãe Falei' ao mandato de deputado: "Virou 'Mamãe, amarelei'"

Arthur do Val tomou a iniciativa após ter a cassação aprovada pelo Conselho de Ética da Alesp por áudios sexistas

Brasil de Fato | Cataguases (MG) |
Deputado já havia sofrido pedido de cassação por agressão a servidores - Reprodução/Alesp

Após Arthur do Val (União Brasil), mais conhecido como "Mamãe falei", anunciar nesta quarta-feira (20) a renúncia ao cargo de deputado estadual em São Paulo, políticos usaram as redes sociais para ironizar a iniciativa. Ele resolveu deixar o posto depois que o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou, por unanimidade, o processo de cassação do mandato. 

Mesmo que tenha renunciado ao cargo, caso seja aprovada a cassação pelo plenário da Alesp, do Val pode ficar inelegível por oito anos, segundo a Lei da Ficha Limpa.

"Sem o mandato, os deputados agora serão obrigados a discutir apenas os meus direitos políticos e vai ficar claro que eles querem na verdade é me tirar das próximas eleições", disse o parlamentar em nota.

"Mamãe, amarelei"

O ex-deputado pelo Psol Jean Wyllys afirmou que o parlamentar realizou uma "manobra por pura vigarice". "E não é que 'Mamãe, falei' virou 'Mamãe, amarelei' por pura vigarice? Há que se apurar se essa manobra vigarista dele pode ser aceita pela ALESP uma vez que ele já foi cassado pelo Conselho de Ética", escreveu.

Também ironizando a renúncia, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) afirmou que Mamãe falei "arregou". "Cria da 'nova política' do MBL, Arthur do Val, vulgo Mamãe Falei, renunciou ao mandato para não ser cassado após ter tido áudios vazados no qual ele fazia declarações sexistas em relação às ucranianas refugiadas da guerra", disse.

Já o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) avaliou que "os valentões, quando expostos, acovardam", fazendo referência à decisão de Arthur do Val.

Entenda o caso

Arthur do Val é alvo de 21 representações no colegiado pedindo sua cassação. As representações aconteceram depois da divulgação de áudios sexistas do parlamentar. Na Ucrânia, sob o pretexto de auxiliar a resistência local contra a invasão russa, o ex-deputado estadual enviou áudios a colegas do Movimento Brasil Livre (MBL).

Nas mensagens enviadas no início de março, o parlamentar afirma que as refugiadas que ele encontrou na fronteira entre a Eslovênia e a Ucrânia “são fáceis, porque são pobres”. Diz também que a fila de baladas brasileiras “não chega aos pés da fila de refugiados aqui”.

“Vou te dizer, são fáceis, porque elas são pobres. [...] Não peguei ninguém, mas eu colei em duas ‘minas’, em dois grupos de ‘mina’, e é inacreditável a facilidade”, disse ele.

Durante a sessão do Conselho de Ética que aprovou sua cassação, em 12 de abril, do Val disse que o processo não foi instaurado por causa das falas sexistas, e sim por ter sido ele a falar. “A verdade é que todos aqui me odeiam”, afirmou.

Edição: Felipe Mendes