JUIZ SUSPEITO

Após quase 6 anos de análise, ONU reconhece que Moro foi parcial e dá vitória para Lula

Segundo o Comitê de Direitos Humanos, direitos políticos do ex-presidente foram violados na eleição de 2018

|
Em nova vitória judicial de Lula, Moro foi considerado parcial nos julgamentos do ex-presidente - Ricardo Stuckert / Agência Senado

O Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) concluiu que o ex-juiz Sergio Moro foi parcial em seus julgamentos dos processos contra o ex-presidente Lula (PT) nos processos da operação Lava Jato. O comitê de Genebra levou seis anos para a conclusão da análise. Além disso, o Comitê da ONU também entendeu que os direitos políticos do ex-presidente Lula foram violados na eleição de 2018.

O resultado surge após seis anos de análise do caso em Genebra. A decisão é legal e vinculante e, com o Brasil tendo ratificado os tratados internacionais, o Estado tem a obrigação de seguir a recomendação. A defesa de Lula e o governo Bolsonaro já foram notificados da decisão.

A queixa foi apresentada em 2016 pela defesa do ex-presidente, que argumentou que o processo contra Lula não foi imparcial e que o então juiz Sergio Moro atuou de forma irregular, o que fere o pacto internacional de Direitos Humanos, do qual o Brasil é signatário.

O Comitê é o espaço da ONU para analisar e supervisionar o cumprimento do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, que é assinado pelo Brasil. Ainda que o órgão não tenha meios para exigir que um Estado cumpra suas decisões, uma condenação é considerada como uma "obrigação legal" se o país denunciado ratificou os tratados que criaram o mecanismo.

Análise do processo

As equipes jurídicas da ONU, em outubro de 2016, aceitaram dar início ao exame. Para que uma queixa seja aceita, a entidade em Genebra precisa concluir que o sistema judicial brasileiro não tem a capacidade ou garantias suficientes de independência para tratá-lo.

Em agosto de 2018 o Comitê de Direitos Humanos da ONU deu a primeira vitória a Lula: o órgão concedeu medidas cautelares e solicitou às autoridades brasileiras que mantivessem os direitos políticos do ex-presidente até que o seu caso fosse avaliado pelo Supremo Tribunal Federal e que o mérito fosse tratado em Genebra. No entanto, a decisão do Comitê foi ignorada pelo Brasil. Essa recusa, inclusive, foi levada em conta na decisão final do Comitê. 

De acordo com informações do UOL, o Comitê indica que concluiu tanto a avaliação sobre a admissibilidade do caso como a questão do mérito. Porém, a decisão cabe aos 18 peritos do órgão, que se reunirão em maio, quando deve ser proferida a decisão final sobre o caso.