ARGENTINA

Mães da Praça de Maio comemoram 45 anos de história com ato em Buenos Aires

Associação é símbolo da luta contra a ditura militar na Argentina

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Com 45 anos de história, as Mães da Praça de Maio tornaram-se uma referência para o campo da esquerda argentina e latino-americana - Juan Mabromata / AFP

A Associação Mães da Praça de Maio (Madres de a Plaza de Mayo) celebra 45 anos de história com um ato na praça que dá nome ao grupo, no centro da capital argentina, Buenos Aires. Com o lema "reivindicando a luta revolucionária dos nossos filhos", milhares de argentinos se reuniram na marcha nº 2299 organizada pela Associação.

Estima-se que a ditadura argentina (1976 - 1983) deixou cerca de 30 mil desaparecidos.

"Recordar nosso filhos é aprender o que é a solidariedade, o que é a lealdade. A política não é um caminho para encontrar trabalho, a política é algo que alimenta o cérebro. Algo necessário todos os dias. Não podemos viver sem fazer política", disse Hebe de Bonafini, presidenta da Associação.

:: Especial | Mães da Praça de Maio :: 

Durante a semana comemorativa foram realizados debates e atividades culturais em todo o país para relembrar a história das mães.

O presidente Alberto Fernández expressou seu "reconhecimento mais sincero e eterna gratidão". A presidenta da associação, Hebe de Bonafini, no entanto, criticou a mensagem do presidente, afirmando que Alberto seria um "descarado" por cumprimentar as Mães enquanto não cumpre com seu programa de campanha.

"Hoje estamos vivendo um momento muito difícil, mas devemos entender que Alberto está chutando para outro lado. Alberto não cumpriu com o que nos prometeu", denunciou.

A vice-presidenta e presidenta do Senado, Cristina Fernández de Kirchner também se manifestou, dizendo "mulheres que enfrentaram, na solidão mais absoluta, o terror da ditadura. Exemplo de valentia e coragem sem par".

 


História 

No dia 30 de abril de 1977, dezenas de mulheres argentinas decidiram se manifestar na praça de Maio, em frente à Casa Rosada, para exigir respostas sobre o paradeiro dos seus filhos que desapareceram nas mão das juntas militares que governavam o país.

O primeiro ato aconteceu num sábado, como hoje, no entanto, durante os anos seguintes, as Mães da Praça de Maio passaram a reunir-se todas as quintas-feiras para exigir repostas.

"Esta praça serve para isso: para gritar, denunciar, dizer, falar, sonhar. É muito bonito sonhar. Devemos fazer as coisas com alegria e amor. A revolução se faz com amor, não somente com armas", defende Hebe de Bonafini.

Edição: Douglas Matos