Violação de dados

Primeiro-ministro da Espanha foi espionado por programa de vigilância israelense

Ministro da Presidência afirma que os celulares de Pedro Sánchez e ministra da Defesa foram alvos de programa espião

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Pedro Sánchez afirmou que não foi possível formar uma maioria para que fosse garantido um governo no país
Pedro Sánchez afirmou que não foi possível formar uma maioria para que fosse garantido um governo no país - Foto: Flickr

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, e a ministra da Defesa do país, Margarita Robles, tiveram seus celulares espionados com o programa israelense Pegasus, afirmou o ministro da Presidência, Félix Bolaños, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (2).  Em tese, o Pegasus só é vendido para governos e agências oficiais.

“As intervenções foram ilícitas e externas. Meios externos realizados por órgãos não oficiais e sem autorização do Estado”, disse Bolaños, que anunciou a comunicação do caso ao Ministério de Justiça.

Segundo o jornal El Pais, uma quantidade considerável de dados do celular do premiê foi copiada: 2,6 gigabytes em uma primeira ocasião e 130 megabytes em uma segunda. Do celular da ministra da Defesa, foram extraídos 9 megas. As invasões aconteceram em maio e junho de 2021, afirma o governo.

Antes desta mais nova denúncia, o Pegasus já estava no noticiário político da Espanha. De acordo com levantamento da ONG Citzen Lab, o programa foi usado pelo governo espanhol para espionar mais de 60 pessoas ligadas ao movimento separatista da Catalunha.

O presidente regional da Catalunha, Pere Aragones, afirmou em seu Twitter que "toda espionagem política é muito séria", mas destacou que quando esta espionagem tem como alvo o movimento independentista, "só escutamos silêncio e desculpas".

Criado pela empresa israelense NSO Group, o Pegasus já foi usado para espionar ativistas de direitos humanos ao redor do mundo. A companhia diz que o software é usado para investigar terroristas e criminosos.

Ao contrário de outros programas de espionagem, o Pegasus pode extrair dados de celulares e ativar remotamente a câmera e o microfone do aparelho sem que o usuário acesse nenhum link suspeito ou abra um arquivo infectado.

Edição: Arturo Hartmann