Coluna

As diferenças do 1º de Maio de Bolsonaro e de Lula e Dilma

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Além de todas as mazelas provocada pelo presidente, sua política é de constante ataque à liberdade de imprensa e aos profissionais jornalistas - Antonio Cruz/EBC
Sem boas notícias para os trabalhadores, atual presidente recorre a mentiras e ataques à imprensa

Duas datas importantes nessa semana serviram para refletir sobre as mazelas a que o Brasil e os brasileiros estão submetidos nesses últimos anos: o 1º de Maio e o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (3/5).

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No Dia Internacional dos Trabalhadores, enquanto o movimento sindical fazia manifestações contra os retrocessos na legislação trabalhista, por empregos e democracia, o presidente participava de outras pedindo a volta da ditadura, afrontando o STF e criando confusão para desacreditar o processo eleitoral. Isso, porque ele sabe que vai perder e tenta preparar o terreno para suas manobras golpistas, exatamente como fez Donald Trump, nas últimas eleições americanas.

Outra diferença notável é a postura presidencial, se comparada com os governos populares.

O 1º de Maio de Bolsonaro é muito diferente do 1º de Maio dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. Ambos os petistas aproveitavam a data e a mobilização dos trabalhadores para anunciar medidas positivas, como o aumento real do salário mínimo e o crescimento do número de postos de trabalho com carteira assinada; já esse governo não tem um único feito positivo para anunciar para os trabalhadores e trabalhadoras. Ao contrário, não consegue conter a inflação, os salários estão defasados e sempre acaba antes do final do mês. Isso para quem ainda tem trabalho, porque um imenso contingente está desempregado, desalentado ou faz bicos para sobreviver.

As bravatas de Bolsonaro, as confusões que cria, nada mais são do que tentativas de desviar o foco do que realmente importa, as péssimas condições de vida do povo, o descaso com a educação e a saúde, a desindustrialização e a falta de investimento capaz de gerar empregos e renda.

Além de todas as mazelas provocada pelo presidente, sua política é de constante ataque à liberdade de imprensa e aos profissionais jornalistas. Além dos ataques, distribui Fake News, popularmente conhecidas como mentiras, para distorcer a verdade e criar um ambiente favorável às suas intenções golpistas, além de tentar esconder sua incompetência.

Levantamento realizado pela organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) mostra que o Brasil está na 110º posição no ranking Índice Global de Liberdade de Imprensa, entre os 180 países avaliados.

A ascensão do Bolsonaro à presidência é apontada como um dos fatores relevantes para o cenário negativo que se criou para o jornalismo brasileiro. Segundo o RSF, a retórica agressiva dos membros do governo em relação aos jornalistas e à imprensa contribui para uma atitude hostil e desconfiada em relação aos repórteres na sociedade.

O presidente insulta jornalistas, mobilizando exércitos de apoiadores e robôs nas redes sociais, como parte de uma estratégia com ataques coordenados. É alguém que não consegue conviver com as diferenças e as críticas, mas que, principalmente, faz esses ataques para esconder os verdadeiros problemas que tem causado à população.

Outro grave problema citado pelo RSF são as Fake News e a disseminação da desinformação, que envenena o debate público e pode até levar à morte, como ocorreu na pandemia, com o negacionismo e as mentiras sobre supostos efeitos colaterais das vacinas. Muita gente deixou de se vacinar e acabou adoecendo. O país perdeu até hoje quase 670 mil vidas para a Covid-19, parte delas de responsabilidade direta do presidente.

Essas duas questões mostram o quadro desolador que vivemos hoje. Mas é preciso manter a esperança e trabalhar para mudar essa situação. Está nas mãos do povo o seu próprio futuro e o futuro do Brasil.

No próximo sábado, haverá o lançamento da pré-candidatura de Lula para mais um mandato não presidência da República. É preciso unir forças e lutar para que nos próximos 1º de Maio e no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, as notícias sejam melhores. Queremos ouvir o anúncio de aumento real para o salário mínimo, de investimentos que gerem empregos, de mais verbas para o SUS e da reconstrução da educação brasileira. Sonhar e trabalhar por dias melhores. É o melhor que podemos fazer.

 

*Vanessa Grazziotin é ex-senadora da República e membro do Comitê Central do PCdoB. Leia outros artigos.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Rodrigo Durão Coelho