eleições 2022

Moraes responde Bolsonaro: "TSE tem coragem de enfrentar quem não acredita na democracia"

Fala ocorre um dia após ministro ser alvo de uma ação do presidente, rejeitada pelo STF e, depois, protocolada na PGR

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Moraes afirma que o TSE tem "coragem para lutar contra aqueles que não acreditam no Estado Democrático de Direito" - José Cruz/Agência Brasil

O vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, disse nesta quinta-feira (19), que a Justiça Eleitoral tem, hoje, a mesma vontade de democracia e a mesma coragem de enfrentar os que não acreditam no regime democrático que tinha quando foi criada, 90 anos atrás.

A fala ocorreu durante discurso na cerimônia do 90º aniversário da Justiça Eleitoral, um dia depois que Moraes foi alvo de uma notícia-crime protocolada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), rejeitada pelo STF e, depois protocolada na Procuradoria-Geral da República (PGR). 

Sem citar Bolsonaro, Alexandre de Moraes exaltou o trabalho do TSE, frequentemente atacado pelo presidente.

"Esse foi o surgimento da Justiça Eleitoral: vontade de concretizar a democracia e coragem para lutar contra aqueles que não acreditam no Estado Democrático de Direito", disse Moraes. "Esta mesma vontade democrática e esta coragem republicana nós temos hoje na Justiça Eleitoral brasileira", garantiu.

Gafe jurídica 

Após gafe jurídica, que motivou a rejeição por Dias Toffoli do pedido de investigação do colega, Alexandre de Moraes, na ação protocolada diretamente no Supremo Tribunal Federal (STF), Jair Bolsonaro (PL) recorreu à PGR para dar início ao processo de perseguição judicial ao magistrado.

A estratégia foi estruturada no Palácio do Planalto para manter acessa a milícia virtual sem que Bolsonaro tenha a imagem ainda mais desgastada em ataques públicos aos ministros da suprema corte.

Na notícia-crime, Bolsonaro alega suposto abuso de autoridade do ministro e diz que o chamado "inquérito das fake news", no qual é investigado, não se justifica. Em sua estratégia do "fale menos e aja mais", recomendada tanto pela ala militar quanto pelos aliados do Centrão, Bolsonaro pretende até levar as ações contra Moraes a tribunais internacionais.

O próprio presidente sabe que as ações terão pouco efeito prático. No entanto, as medidas serão usadas de forma eleitoreira para que Bolsonaro justifique aos apoiadores mais radicais a manutenção do discurso contra o STF, que teve seu auge nos atos golpistas de 7 de Setembro.