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Futuro

Artigo | Por que sonham essas esquerdistas?

É nos sonhos que podemos ver para além dos muros que nos conformam e das grades que nos prendem

20.maio.2022 às 17h04
Curitiba (PR)
Martel Alexandre Del Colle

Ibrahim el-Salahi (Sudão), Sons Renascidos dos Sonhos da Infância I, (1961-65) - Reprodução

Dia desses ouvi a história de uma moça bastante jovem que perdeu o irmão em um acidente de trabalho. Segurando as lágrimas, interrompendo a fala para que o choro não a tomasse por completo, ela me contou de um de seus grandes arrependimentos: Ela queria ter dito mais vezes o quanto amava o irmão. Queria ter demonstrado mais amor, passado mais tempo com ele.

O que dizer para uma pessoa num momento desses? Ela vivia uma mistura de dor pela perda e culpa por aquilo que ela não fez e que não terá mais chance de fazer. Eu poderia dizer a ela que a vida é para frente e que o tempo não volta, porque é uma verdade. Cruel, mas verdade. Para mim, aprender essa verdade foi um processo.

A palavra que entrou sem pretensão ficou o dia todo comigo: processo. Não somos seres acabados. Somos sendo. Construímo-nos enquanto existimos.
Ser processo significa que enquanto vivemos estamos formando quem somos. Ser processo nos explica que é normal errar, que é normal não saber. E que a dor pode ser uma forma de aprender. Não há aqui elogio ao sofrimento, apenas uma constatação. É sempre melhor aprender sem sofrer. É melhor amar e demonstrar amor antes que aquele que se ama se vá. Mas se a lição não foi aprendida a tempo, então aquela dor será parte do processo de ser melhor, de ser mais, de saber mais.

Ser processo significa que você vai amar quem não merece o seu amor e vai desdenhar de quem merece. Que você vai machucar alguém importante e vai perder tempo com irrelevâncias. Que você vai deixar oportunidades passarem e vai se arrepender por isso. Que você sentirá falta de um abraço porque teve vergonha de pedir. Que você terá medo da opinião dos outros e deixará de fazer o que gosta pensando que vale o sacrifício para ser aceito. Você vai errar, vai se machucar e vai errar de novo. E tudo isso porque você está em construção. Não nasceu sabendo e vai morrer sem saber muita coisa. Você vai julgar com um peso que será absurdo se você for julgado por ele mesmo. Vai condenar e depois torcer para que ninguém se lembre de como condenou. Você é humano, você é processo. Errar, perder, ter arrependimentos faz parte do processo de se construir.

Sartre, quando defendia sua tese de que o existencialismo é um humanismo, afirmava que, como seres que primeiro existem e depois formam sua essência, nós sempre fazemos aquilo que consideramos certo. E tal afirmação sempre é confrontada com o mal. E quem faz o mal? Segundo essa tese, o mal é feito porque o conhecer do indivíduo o limita em perceber a maldade naquilo que faz.

Se Sartre estiver certo, então o maior perigo para nossa espécie, e para os sencientes de quem somos responsáveis, é a ignorância. Porque na ignorância eu faço o mal e permito que outros o façam sem sequer perceber a consequência de tais atos. E a verdadeira maldade, pequena seguindo esse raciocínio, seria fazer o mal mesmo ciente do mal. E isso seria coisa que aconteceria raramente. A maioria das dores seria uma mistura de boa intenção e ignorância. O que nos torna responsáveis por não conhecermos mais e acharmos que já conhecemos o suficiente. Achar que já se conhece o suficiente seria como dirigir embriagado achando que você dirige melhor quando bêbado.

Bom, as eleições estão aí e temos medo do que pode vir depois. Porém, votar não é a solução para um mundo melhor, mesmo que o melhoramento passe por votar. Precisamos expandir o conhecer. E para expandir o conhecer é preciso falar sobre o conhecer. Conversar com a humildade de quem entende que é processo e não obra acabada. Quando escolhemos uma pessoa como referência política e começamos um culto à personalidade, dificilmente conseguimos deixar o conhecimento como protagonista. A crítica a figuras políticas é fundamental, mas não podemos esquecer que o protagonismo não é das figuras, mas dos sonhos que essas figuras se comprometem em trazer para mais perto do real. Os protagonistas da política devem ser os sonhos, os projetos, as ideias. A figura política deve ser escolhida por se comprometer e se dedicar a transformar essas ideias em algo real.

Engraçado saber que a maioria dos americanos, republicanos e democratas, é contra o aumento dos gastos com forças armadas nos Estados Unidos da América, mas os gastos não param de aumentar. Essa ideia não é discutida. No lugar o debate se fecha entre nós e eles. Entre os bons e os maus. Um jogo de manipulação que transforma a política dos sonhos, dos ideais, em um jogo de ataques mútuos que não deixa opção a não ser votar em alguém porque esse alguém é menos ruim que outro alguém. E como ele é menos ruim, então não precisa se comprometer com nada. Não precisa ouvir àqueles que tem como fonte quase exclusiva de poder o voto.

Recomendo que você mude sua atitude daqui até o dia das eleições. Que você comece a sonhar coletivamente. Discuta ideias. Não dá para ignorar o elefante na sala, temos uma chance razoável de um segundo turno entre Bolsonaro e Lula. Discutir ideias tem mais potencial de gerar mudanças de voto do que discutir as figuras políticas. É mais fácil perguntar a uma pessoa se o sonho de Brasil dela inclui combustíveis a preços aceitáveis e ver como isso seria possível, e, sendo possível, qual candidato melhor se encaixa nessa perspectiva, do que um ataque a personalidade.

Nenhum dos dois candidatos traz consigo a mudança de paradigma necessária para um aumento da Felicidade Interna Bruta Global que fuja as regras do jogo que tem como base a injustiça e a exploração. É preciso muito sonho e percepção para além do que é valor e sistema. É preciso transvalorar os valores e criar sociabilidades que não partam de um axioma valorativo de trabalho e mercadoria. É preciso sonhar mais um sonho. Como diria Ailton Krenak,“enquanto pudermos contar mais uma história estaremos adiando o fim do mundo”. Porque é nos sonhos que podemos ver para além dos muros que nos conformam e das grades que nos prendem. E a ciência nos indica que o sonho nada mais é que uma preparação para o real.

*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Editado por: Lia Bianchini
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