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Envolvido em denúncia de assédio, Elon Musk visita o Brasil para euforia do bolsonarismo

Bolsonaro e Fábio Faria mostram empolgação do governo com anúncio de parceria com o bilionário

Rio de Janeiro (RJ) |

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Fábio Faria (em primeiro plano), Elon Musk (ao centro) e Bolsonaro, junto de intérpretes: visita aconteceu no dia em que revista divulgou denúncia de assédio contra o bilionário - Reprodução/Facebook/Jair Bolsonaro

O bilionário Elon Musk iniciou o dia nesta sexta-feira (20) precisando dar respostas ao "mercado": uma reportagem da revista americana Business Insider publicou uma denúncia sobre um suposto caso de assédio sexual contra ele (clique no link para ler o texto original, em inglês). De acordo com a revista, ele fechou acordo de confidencialidade de US$ 250 mil (R$ 1,2 milhões na cotação atual) para que a vítima, uma comissária de bordo da SpaceX, empresa do conglomerado de Musk, silenciasse sobre o caso. A denúncia, porém, não fez com que "o homem mais rico do mundo" desistisse de um compromisso assumido para o mesmo dia: uma viagem ao Brasil.

Musk foi recebido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em um hotel de luxo em Porto Feliz (SP), a cerca de 100 quilômetros da capital paulista. O evento, que contou com integrantes do primeiro escalão do governo e com empresários com maior ou menor alinhamento com Bolsonaro, foi celebrado pelos apoiadores do presidente (com direito a hashtag: "#BolsoMusk").

Alinhavado pelo ministro das comunicações, Fábio Faria, que encontrou Musk em novembro do ano passado nos Estados Unidos, o encontro serviu para apresentar supostas proposições do bilionário para o Brasil, especialmente para a região amazônica.

Faria, que foi o primeiro integrante do governo a confirmar a visita (já na manhã desta sexta), tietou o visitante: em discurso oficial no evento disse que "todos no Brasil" amam o empresário. No Twitter, celebrou o encontro: "por essa ninguém esperava".

Na abertura do encontro no hotel do interior paulista, Bolsonaro disse que o anúncio de compra do Twitter feito por Musk em abril foi "um sopro de esperança". O presidente não mencionou, porém, o fato de que Musk suspendeu a aquisição.

"O mais importante da presença dele é algo que é imaterial. Hoje em dia poderíamos chamar de 'mito da liberdade'. É aquilo que nos fará falta para qualquer coisa que por ventura possamos pensar para o futuro", disse o presidente antes de entregar ao empresário uma medalha de honra por supostos serviços prestados para ajudar a Amazônia.

O motivo oficial do encontro, conforme anunciado pelo bilionário no Twitter, é garantir conexão de internet para 19 mil áreas rurais e oferecer "monitoramento ambiental" na Amazônia – o que já é feito com excelência no país, inclusive por órgãos ligados ao poder público, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Até o final da tarde da sexta-feira, a mensagem acima, em que se dizia "super animado" por estar no Brasil, foi a única menção de Musk no Twitter sobre a visita ao país.

Sobre o episódio de acusação de assédio sexual, preferiu ser irônico. Antes de pousar no país escreveu que, enfim, poderia ser usado o termo "Elongate" para ilustrar um escândalo a seu respeito.

Jair Bolsonaro e Fábio Faria não mencionaram a denúncia contra o visitante em suas redes sociais.

Edição: Rodrigo Durão Coelho