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Ronda Política | Tebet lança pré-candidatura sem PSDB; 1ª federação é aprovada pelo TSE, e mais

Depois que Doria deixou a corrida eleitoral, um grupo de tucanos passou a defender uma candidatura própria

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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A pré-candidatura de Tebet também enfrenta resistência nos estados do Nordeste e Sul, onde algumas lideranças do MDB tendem a apoiar Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), respectivamente - Edilson Rodrigues/Agência Senado

A executiva nacional do MDB oficializou a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) à Presidência da República, nesta terça-feira (24), com o apoio do Cidadania. A parlamentar deve ser o nome que encabeçará a chapa da chamada terceira via.  

O presidente do Cidadania, Roberto Freire, afirmou em nota que a “a maior chance que Bolsonaro e seu neofascismo têm de se reelegerem é enfrentando Lula. Não se derrota um movimento antidemocrático com frente de esquerda, também ela com suas contradições liberticida”.

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O político também disse que, nesse sentido, a unificação dos partidos em torno de uma candidatura única é um “passo concreto na direção da manutenção da democracia com um programa comum: projetar o Brasil do Século XXI". 

Até o momento, no entanto, o PSDB, que está há meses ao lado do MDB e do Cidadania na construção de uma candidatura única, não oficializou apoio a Tebet. Depois que o ex-governador de São Paulo, João Doria, deixou a corrida eleitoral, por pressão de seus correligionários, um grupo de tucanos liderado pelo deputado federal Aécio Neves (MG) passou a defender uma candidatura própria, mas sem endosso da cúpula do partido. Uma reunião marcada para o dia 2 de junho deve oficializar a posição do partido. 


Doria anunciou a desistência em pronunciamento nesta segunda (23) / Reprodução/Facebook

Anteriormente, o grupo de partidos da terceira via perdeu a União Brasil, que também havia entrado para as negociações de uma candidatura única, mas preferiu lançar uma chapa “puro-sangue” encabeçada por Luciano Bivar.  

A pré-candidatura de Tebet também enfrenta resistência nos estados do Nordeste e Sul, onde algumas lideranças do MDB tendem a apoiar Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), respectivamente. Renan Calheiros, senador pelo MDB de Alagoas, por exemplo, já definiu seu apoio ao petista. Na última segunda-feira (23), ele chegou a dizer que “só é possível crescimento da terceira, quarta ou quinta via com a queda de Lula ou Bolsonaro”. 

O parlamentar alagoano também afirmou que a “candidatura da Simone não se justifica pelo desempenho nas pesquisas. Se houver mudança efetiva, uma fotografia diferente desse cenário eleitoral, tudo bem. O que o MDB quer é ter candidato competitivo, que ajude a alavancar palanques estaduais". Calheiros não participou da reunião da executiva nacional do partido.  

Brasil da Esperança 

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou o registro da primeira federação do país, Brasil da Esperança, formada por PT, PCdoB e PV. Na sequência, a Corte irá analisar o pedido de registro das federações entre o PSDB e o Cidadania, feito no último dia 11, e entre PSOL e Rede, que protocolaram a solicitação nesta terça-feira (24). 

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Agora, os três partidos ficarão unidos nas eleições deste ano, em outubro, e pelos próximos quatro anos, como se fossem um único partido, nos níveis nacional, estadual e municipal. Isso significa que os partidos não poderão se coligar em alguns estados e em outros não. 

Mudanças na Mesa Diretora 

O candidato do presidente Jair Bolsonaro à vice-presidência da Câmara, o deputado Vitor Hugo (GO), saiu derrotado, nesta terça-feira (24), da votação interna do Partido Liberal (PL), que acabou indicando o evangélico Lincoln Portela (MG) para a eleição. Portela é visto como um político tradicional do PL e alinhado ao governo Bolsonaro.  

Na segunda-feira (23), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cedeu à pressão do presidente Jair Bolsonaro (PL) e decidiu pela destituição de Marcelo Ramos (PSD-AM) do cargo de vice-presidente da Casa.   

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Ramos deixou o PL assim que Bolsonaro se filiou à sigla e migrou para o PSD de Gilberto Kassab, partido que tem se aproximado cada vez mais da pré-candidatura de Lula (PT) à Presidência da República.  


Da esquerda à direta: Omar Aziz, Marcelo Ramos, Gleisi Hoffmann e Paulinho da Força no evento de apoio do Solidariedade a Lula / Caroline Oliveira

Antes, o PL havia tentando expugná-lo do cargo, a pedido do presidente Bolsonaro, utilizando um dispositivo do regimento da Câmara que prevê a possibilidade de perda do cargo da Mesa Diretora caso ocorra troca de partido.  

Com a mesma justificativa, Arthur Lira destituiu a segunda secretaria, Marília Arraes (PE), que deixou o PT pelo Solidariedade, e a terceira secretaria, Rose Modesto (MS), que saiu do PSDB e foi para a União Brasil. As vagas serão disputadas, respectivamente, pelo PL, PT e PSDB. A eleição dos novos nomes irá ocorrer nesta quarta-feira (25). A eleição será presencial.  

Em tempo: a primeira-dama Michelle Bolsonaro se filiou Partido Liberal (PL), mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro, nesta terça-feira (24), para poder participar do programa partidário da legenda.  

Troca de farpas online 

O senador Renan Calheiros (MDB) e o deputado federal Arthur Lira (PP), ambos de Alagoas, trocaram farpas públicas pelas redes sociais. No Twitter, Calheiros associou Lira ao orçamento secreto. Momentos depois, o presidente da Câmara respondeu citando Renan Filho (MDB), que renunciou ao governo de Alagoas para concorrer a uma vaga no Senado nas eleições deste ano. 

“Renan Calheiros falando em honestidade é a maior piada que existe. Isso é pra desviar (algo que RC sabe fazer) a atenção da enxurrada de denúncias que vão aparecer do governo do filho. Aguardem!”, escreveu Lira. 


Arthur Lira é da base de apoio do presidente Jair Bolsonaro / Foto: Marcelo Camargo | Agência Brasil

Pouco depois, Calheiros voltou ao assunto. “Arthur Lira é o dono da chave do cofre do orçamento secreto que exala corrupção: ônibus, barras de ouro, robótica, caminhões de lixo etc. Além de pivete delinquente, é agressor de mulheres. O Código Penal e a Lei Maria da Penha o aguardam, de novo. #BolsolaoDoLixo #cpidomec”, afirmou o senador. 

Nas últimas semanas, a relação entre os parlamentares voltou a ficar mais tensa depois que o deputado estadual de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), apoiado por Calheiros, venceu a eleição indireta da assembleia estadual para ocupar o cargo de governador até o fim do ano.  

Mais uma derrota para Moro 

A 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou as condenações proferidas pelo ex-juiz Sergio Moro contra executivos do Grupo Schahin e dirigentes da Petrobras, nesta terça-feira (24). A decisão anula a condenação dos empresários Fernando Schahin e Milton Schahin e dos ex-dirigentes da Petrobras Demarco Jorge Epifânio e Luís Carlos da Silva 

Agora, os processos serão encaminhados para a Justiça Eleitoral, dado o entendimento dos ministros de que o caso tem relações com investigação de caixa dois eleitoral.  


Sergio Moro foi ministro do governo Bolsonaro / Marcos Corrêa/PR

Também nesta terça-feira, a 2ª Vara Federal Cível de Brasília recebeu uma ação de deputados do PT, na qual pedem a condenação de Moro a ressarcir os cofres públicos por prejuízos causadas pela Operação Lava Jato à Petrobras e economia brasileira. Com isso, agora o ex-juiz se torna réu.  

Na ação, os parlamentares Rui Falcão (SP), Erika Kokay (DF), Natália Bonavides (RN), José Guimarães (CE) e Paulo Pimenta (RS) afirmam que "o ex-juiz Sergio Moro manipulou a maior empresa brasileira, a Petrobras, como mero instrumento útil ao acobertamento dos seus interesses pessoais". Alegam, inclusive, que ‘'o distúrbio na Petrobras afetou toda a cadeia produtiva e mercantil brasileira, principalmente o setor de óleo e gás”. 

Dossiê antifascista 

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o Ministério da Justiça forneça ao vereador de São Paulo Fernando Holiday (Novo) quais dos seus dados estão no relatório conhecido como “dossiê antifascista” produzido pela pasta, sob a chefia do então ministro André Mendonça.  

Hoje ministro do STF, Mendonça fez uma operação sigilosa, em 2020, por meio da Secretaria de Operações Integradas (Seopi), para monitorar 579 servidores federais e estaduais que fariam parte de um "movimento antifascista". 


Fernando Holiday / André Bueno / CMSP

Segundo a ministra Cármen Lúcia, a "gravidade do quadro descrito nos autos e a sensibilidade da matéria estão evidenciados" garantem que Holiday tenha o direito às informações 

O defensor da cloroquina 

O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) protocolou um pedido de investigação contra o ministro do STF Luis Roberto Barroso por suposto crime de responsabilidade, nesta terça-feira (24).  

O ferrenho defensor do presidente Bolsonaro justificou o pedido ao dizer que Barroso estaria acusando as Forças Armadas de politização e interferência no processo eleitoral brasileiro.

A fala do ministro, segundo o senador, “caracteriza comportamento incompatível com a honra, dignidade e decoro do cargo que [Barroso] ocupa”. Também de acordo com ele, “a conduta do magistrado pode ser considerada atividade político-partidário, caracterizada como crime de responsabilidade previsto no art. 39 da lei 1079/50”. 


Defensor do chamado "kit covid", Heinze divulgou de forma reiterada na CPI da Pandemia tratamentos ineficazes / Pedro França/ Agência Senado

“De um ministro da Suprema Corte esperamos manifestações nos autos, baseadas em provocações no contexto de um processo judicial, não manifestações políticas e menos ainda declarações levianas. Precisamos que o processo seja aberto até para que todos entendam que não cabe ao Judiciário politizar com opiniões pessoais midiatizadas”, escreveu Heinze em um comunicado publicado em seu site.  

Em abril, Barroso afirmou que “as Forças Armadas estão sendo orientadas para atacar o processo [eleitoral] e tentar desacreditá-lo”. Na ocasião, o Ministério da Defesa classificou a declaração como “ofensa grave”. 

O vexame de Aras 

O procurador-geral da República Augusto Aras já virou figurinha de WhatsApp depois que protagonizou uma brigada durante uma sessão do Conselho Superior da Procuradoria-Geral da República (PGR) realizada na tarde desta terça-feira (24). Aras bateu boca com o subprocurador-geral da República Nívio de Freitas e chegou a se levantar em direção ao colega, mas foi impedido por seguranças.  

A discussão começou depois que alguns procuradores discordaram de Aras quanto à possibilidade de Joaquim Barros Dias, um dos aliados de procurador, ser votado para uma vaga na 4ª Câmara de Coordenação e Revisão. Dias não se inscreveu no edital e, por isso, os procuradores questionaram Aras. 

Edição: Rebeca Cavalcante