DECISÃO

Colômbia terá 2º turno entre esquerda e direita, com Gustavo Petro e Rodolfo Hernández

Empresário "anticorrupção" surpreende e disputará 2° turno contra Petro no dia 19 de junho

Brasil de Fato | Bogotá (Colômbia) |

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Petro e Hernández - Juan Barreto e Yuri Cortez /AFP

Neste domingo (29), a Colômbia realizou eleições gerais com seis chapas disputando a presidência do país. Após apuração de 96,19% dos votos em pré-contagem, que ainda não configura o resultado oficial, está indicado um segundo turno. Gustavo Petro e Francia Márquez (Pacto Histórico) obtiveram 40,33% da votação, com 8,3 milhões de votos, em segundo lugar, Rodolfo Hernández e Marelen Castillo (Liga Anticorrupção) com 5,8 milhões de votos, equivalente a  28,14% da preferência.

Houve uma participação de 47% do eleitorado, com 18.153.882 votos. O voto na Colômbia é facultativo e impresso. Este processo eleitoral superou a participação das eleições presidenciais de 2014, que tiveram cerca de 40% de comparecimento. Os departamentos com maior participação foram Cundinamarca, onde está o Distrito Capital, com 58% de comparecimento;  Bolívar com 58% e Quindío com 55% de participação.

Apesar de aparecer como terceiro colocado nas pesquisas de opinião, Hernández surpreendeu e abriu vantagem de quase cinco pontos percentuais sobre Fico Gutiérrez (Equipe pela Colômbia), que era considerado favorito para disputar o segundo turno.

Com o lema "não roubar, não mentir, não trair", Hernández apoia sua campanha em cima do combate à corrupção, como o próprio nome da aliança sugere, e no fato de serem uma alternativa à "velha política". Ele é engenheiro civil e dono da HG Construtora. Com um forte discurso contra os movimentos insurgentes, Rodolfo Hernández assegura que teve familiares sequestrados no passado pela FARC-EP e o ELN.

Apesar de basear sua campanha na luta contra a corrupção, Hernández enfrentará um julgamento no dia 21 de julho, acusado de corrupção no período em que foi prefeito da cidade de Bucaramanga.

Petro e Francia propõem combater a fome, reativar as negociações de paz com setores insurgentes, investigar os casos de violência contra líderes sociais e camponeses, reconhecer o direito ao território dos povos indígenas e quilombolas, assim como diversificar a base econômica do país, com uma perspectiva de desenvolvimento sustentável.

De acordo com o primeiro informe do Ministério de Relações Exteriores, 190 mil pessoas votaram no exterior, representando 24% do eleitorado.

O poder eleitoral realiza uma contagem rápida, em cima dos dados prévios transmitidos pelos jurados eleitorais em cada uma das 102 mil mesas espalhadas pelos 32 departamentos e o distrito capital. Os resultados oficiais, no entanto, devem ser divulgados durante a semana.

Cerca de 400 pessoas acompanham a eleição em 27 missões de observação eleitoral.

No primeiro boletim, a Missão de Observação Eleitoral (MOE) registrou 119 irregularidades, como compra de votos ou pressão por algum candidato.

Além disso, em 62% das mesas observadas não foram instaladas máquinas de reconhecimentno biométrico, em 36% das zonas eleitorais faltaram jurados e em 22% das mesas não havia presença de testemunhas eleitorias

O ministro da Defesa, Diego Molano assegura que a jornada transcorreu com tranquilidade, apesar de que foram registradas três explosões nos departamentos de Caquetá e Guaviare. Segundo Molano, foram fatos isolados que não estavam relacionados com a eleição.

Já o ministro do Interior, Daniel Palacios disse ter recebido 584 denúncias de irregularidades eleitorais, 506 dentro do país e os outros casos foram registrados nos Estados Unidos, Canadá e Espanha. "98 foram por constrangimento ao votante, 81 por intervenção política dos servidores públicos e 50 por vigilância do processo eleitoral", declarou o funcionário.

Por conta das irregularidades, duas pessoas foram detidas nos departamentos de Nariño e Cauca. O poder eleitoral também teve de alterar o local de votação de 31 mesas por questões climáticas.

"O processo foi bastante rápido. Esperamos que venha a mudança, porque já estamos cansados, principalmente as classes médias e baixas. O Estado não está funcionando como deveria", disse Edgar Malagon, eleitor da região de Teusaquillo, na capital colombiana.

Martha Rocio, eleitora da região central de Bogotá também diz esperar uma mudança "pelos jovens, que eles tenham trabalho, que possam estudar, é por eles que eu venho votar".

Edição: Thales Schmidt