Como forma de denunciar a improdutividade de diversas áreas na Bahia, a violência sofrida no campo e também cobrar a efetivação da reforma agrária, quase 300 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizaram duas ocupações no estado no fim de semana. No sábado (28), 178 famílias reocuparam a fazenda Mata Verde, em Guaratinga, no Extremo Sul. Já no domingo (29), 80 famílias ocuparam área abandonada na região do Recôncavo.
A reocupação da Fazenda Mata Verde acontece após um despejo ocorrido na última quarta-feira (24). Na ocasião, a polícia militar acompanhada por representantes do poder judiciário local entregaram uma liminar, obrigando a reintegração. As famílias despejadas se alojaram na beira da estrada do Córrego do Ouro, localizada há 3km da área anteriormente ocupada. As ameaças de pistoleiros passaram a acontecer diariamente, de acordo com lideranças do movimento.
A retomada dessa ocupação pelas famílias do Acampamento Claudia Sena, é a forma encontrada de se manterem em resistência por Reforma Agrária e reivindicarem a terra como uma solução imediata para acessarem moradia e alimentação. Eliane Oliveira, integrante direção estadual do MST na Bahia, salienta que as famílias estão aterrorizadas tanto com o despejo quanto com as ameaças que estão sofrendo pelos pistoleiros.
Nas palavras de Andreia, uma das acampadas, "a situação está bem difícil, eu mesma sou mãe e estou aqui com minhas filhas pequenas, uma de 1 ano e outras de 5 anos, que estão no sereno, no frio, correndo risco de saúde e de vida. E os pistoleiros ficam passando todo momento nos ameaçando e constrangendo".
Ocupação no Recôncavo
Na madrugada deste domingo (29), a ocupação foi na Estação Experimental da CEPLAC, no município de São Sebastião do Passe. As cerca de 80 famílias dão continuidade ao processo de denúncia do abandono da área. De acordo com os acampados, a área está abandonada há mais de 20 anos, não cumprindo sua função social.
De acordo com a direção do MST Bahia, as ocupações deste fim de semana são resultado da "conjuntura desastrosa que passa o país – com a volta da fome, falta de terra, teto e renda para trabalhadoras e trabalhadores".
