Mobilização

Servidores públicos federais fazem ato por reajuste em Brasília

Entidades da categoria se reúnem para pedir reposição emergencial de perdas salariais

São Paulo |

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Imagem de ato unificado dos servidores federais em Brasília no final de março, pela reposição de 19,99% - Fonasefe

Entidades que representam os servidores públicos federais realizam um ato em Brasília, a partir das 9h desta terça-feira (31), reivindicando reajuste emergencial de 19,99%. O índice é baseado na reposição das perdas salariais de 2019, 2020 e 2021, mas o governo até agora acenou apenas com a possibilidade de um reajuste de 5%. A concentração será no Espaço do Servidor, entre os blocos C e D da Esplanada dos Ministérios.

Por ser um ano eleitoral, a data limite para sanção da lei concessiva de qualquer tipo de reajuste para o funcionalismo público vai até 180 dias antes do final do mandato do presidente da República, ou seja, até 4 de julho.

De acordo com a Confederação Nacional dos Servidores Públicos (Condsef), o objetivo do ato também é denunciar o desmonte do serviço público. A entidade aponta que, quando Bolsonaro assumiu seu mandato, o Brasil tinha 675 mil servidores e hoje conta com 501 mil.

“O governo federal faz uma reforma silenciosa, ao não realizar concursos públicos e não oferecer reajustes que a categoria tem direito. A contrário, se preocupa apenas em dar reajustes aos militares, base de apoio de Bolsonaro”, pontua Sergio Ronaldo da Silva, coordenador-geral do Condsef, ao site da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Sem diálogo com o governo

O calendário de atividades da categoria nesta terça inclui uma audiência pública com com parlamentares da liderança da Minoria, no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, às 14h. Na semana passada, dirigentes sindicais participaram de outra audiência, realizada na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Casa, para discutir a situação do funcionalismo público.

O presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado (Fonacate), Rudinei Marques, criticou a falta de diálogo por parte do governo federal. "Não temos uma mesa de negociação, estamos no meio da pandemia, mas queremos uma palavra firme que diga qual é a política salarial do governo. Até agora não sabemos", disse.

Na reunião, a economista Mariel Angeli, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), ressaltou que no governo Bolsonaro os salários da maioria dos servidores não tiveram correção.

Reajustes dos militares

Embora a realidade para os servidores de uma forma geral seja o arrocho, a regra teve exceções. "Todos esses anos os militares tiveram reajuste, mas em 2019, sob o governo Bolsonaro, com a reestruturação de carreira, e por terem ficado de fora da reforma da Previdência, eles ganharam muito mais do que qualquer servidor civil", destaca o coordenador-geral da Condsef à página da CUT.

Os militares das Forças Armadas são os trabalhadores vinculados à União que tiveram o maior aumento salarial durante os últimos dez anos, acumulando 29,6% de ganho real, já descontada a inflação desde 2012. O dado faz parte de um levantamento realizado pelo economista Daniel Duque, do Centro de Liderança Pública (CLP), e divulgado pelo jornal O Estado de S.Paulo.

Edição: Glauco Faria